Turismo da Madeira bateu todos os recordes em 2023

2023 foi o ano de todos os recordes para a região turística da Madeira, que registou mais de 10,9 milhões de dormidas, o que reflecte um crescimento de 13,6% em relação ao ano anterior, e proveitos totais na ordem dos 652,7 milhões de euros (+ 23,2%).

«2023 foi um ano extraordinário para a Madeira, em que consolidámos um percurso de crescimento. De Janeiro a Dezembro foi sempre a bater limites nunca antes experimentados», salientou esta manhã Eduardo Jesus, secretário regional de Turismo e Cultura e presidente da Associação de Promoção da Madeira (APM), num encontro com jornalistas que decorreu no recém-inaugurado Posto de Informação Turística (PIT) na Baixa lisboeta. «Se 2022 tinha sido o melhor ano da região, em que tínhamos atingido pela primeira vez, em Agosto, um recorde mensal de proveitos superior a 50 milhões de euros, em Agosto de 2023 tivemos proveitos de 75 milhões de euros, ou seja, um crescimento [homólogo] de 25%», reiterou.

Do total de dormidas no ano passado, cerca de 2,1 milhões dizem respeito a turistas nacionais, que permaneceram uma média de três noites na região. De resto, o mercado doméstico manteve-se como o principal mercado emissor de turistas para a Madeira e o Porto Santo. O top 5 de mercados emissores inclui ainda o Reino Unido, Alemanha, França e Polónia. Este último tem demonstrado um «potencial incrível» para a região, fruto das parcerias com operadores locais e a abertura de novas rotas, estando previsto para este ano um crescimento de 20 a 30% dos turistas com origem na Polónia.

Além do crescimento de dormidas, na hotelaria o Revpar (receita por quarto disponível) cresceu 22% face a 2022, para 78,4 euros. Em 2015, esse valor não ia além dos 30 euros por quarto, o que significa que «a Madeira não só tem atraído mais pessoas, como tem conseguido valorizar o seu destino», sublinhou Eduardo Jesus.

Em 2023, a Região Autónoma da Madeira bateu ainda recordes no tráfego aéreo, tendo chegado à região mais de 4,6 milhões de passageiros por via aérea. Além disso, 279 navios de cruzeiros atracaram na região e trouxeram mais de 615 mil pessoas por via marítima, o número mais alto de sempre.

Manter o crescimento sustentável

Para o ano em curso, as perspectivas da Associação de Promoção da Madeira são mais moderadas em relação ao crescimento do sector, até porque «não é possível crescer muito além dos números de 2023». «A Madeira não quer crescer em demasia, mas valorizar a sua oferta. É por isso que temos um Plano de Ordenamento Turístico que limita a construção de novos hotéis até 2027 e coloca também um limite de 40 mil camas construídas, por exemplo. Para nós é importante crescer em valor. É essa a nossa prioridade», frisou o presidente da APM, lembrando que a Madeira tem «apenas 32 mil camas disponíveis», o que se revela importante para o crescimento sustentável que se quer para o destino.

Apesar de tudo, a região tem já prevista a abertura de novas rotas aéreas para este ano, com destaque para as novas operações directas com a britânica Jet2 (Liverpool – Funchal, a partir de 1 de Abril) e a easyJet (Bordéus – Funchal, a partir de Junho), bem como o regresso de um voo da TAP com origem em Caracas, na Venezuela, a partir do Verão. Com estes acordos já anunciados, a APM espera uma subida de cerca de 4% dos lugares disponíveis, o que «para um destino insular é um factor significativo». No ano passado, 52 companhias voaram para a Madeira, ligando a região a 98 origens com voos directos.

«A procura está a crescer muito para o Verão, quer na Madeira quer no Porto Santo e alguns operadores já estão inclusive a vender para o período de Inverno. Se não houver nenhum factor extraordinário, que não possa ser controlado por nós, tudo está orientado para que ainda seja possível crescer em relação a 2024», perspectivou Eduardo Jesus.

O presidente da APM lembrou ainda que o destino insular tem vindo a combater a sazonalidade através de uma forte aposta no segmento dos eventos (Carnaval, Festa da Flor, Festa do Vinho, Festival da Natureza e Réveillon), que tem contribuído para activar o destino ao longo de 120 dias do ano. Para continuar este trabalho, a região tem alocados cerca de 14 milhões de euros para a qualificação da oferta turística e cultural – de que é exemplo a qualificação do Convento de Santa Clara, no Funchal – e cerca de 16 milhões de euros para a promoção do destino.

Texto de Daniel Almeida

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