Trabalhadores do Turismo ganham pouco dinheiro mas são felizes
Apesar de a maioria dos trabalhadores do sector do Turismo ter um rendimento próximo do salário mínimo, 85% revela estar feliz no trabalho. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade de Aveiro para o Turismo de Portugal e a Secretaria de Estado do Turismo.
De acordo com o inquérito, os elevados níveis de satisfação e motivação nesta área devem-se ao facto de “ser uma profissão que lida com pessoas e culturas, e é muito eclética”. Como resultado, os trabalhadores e estudantes da área são “fortemente dedicados e entusiastas ao nível das funções que desempenham”, garante o documento.
Apesar de tudo, o estudo refere que há problemas que devem ser tratados, sendo que um dos mais importantes diz respeito aos níveis salariais. “Demonstra-se que, efectivamente, a maioria dos salários encontram-se encostados ao salário mínimo nacional, embora o sistema de gratificações faça com que os trabalhadores, em particular os do front-office, possam ver os seus salários complementados”, salienta o estudo.
Além dos baixos salários, o sector enfrenta problemas como os “horários inflexíveis (que fazem com que a profissão dificulte uma vida familiar e emocional equilibrada); falta de segurança no trabalho (um problema apresentado por um em cada três trabalhadores); e desigualdades em termos de oportunidades, salário e género”. Tudo condições que as gerações mais jovens “rejeitam veementemente”, o que poderá colocar em causa a sustentabilidade do sector.
Nesse sentido, «o Turismo deve expandir o seu core business da hotelaria e da restauração para novas cadeias de valor e novas operações de logística», comenta o coordenador do estudo, Carlos Costa. Para que tal aconteça, acrescenta, «será necessário que as profissões da área do Turismo incorporem novas valências na gestão dos recursos humanos, do empreendedorismo e das novas tecnologias. Se se evoluir nesta perspectiva, conseguir-se-ão introduzir novas formas de coesão social e territorial através do sector do Turismo.»
O estudo da Universidade de Aveiro resultou de quase cinco mil inquéritos realizados junto de trabalhadores e estudantes de Turismo, bem como 11 entrevistas a líderes de organizações nacionais do sector.