Tiago Viegas: «Os nossos clientes nunca precisaram tanto de nós como agora»

O que ficará depois deste “buraco negro” do novo coronavírus? Que marcas iremos ter? E como é que passarão a estar e a comunicar? Não sendo possível qualquer previsão clara e certa, fomos, contudo, tentar perceber de que forma é que algumas das maiores empresas e marcas em Portugal estão a reagir e como esperam sair do momento mais crítico de todos os tempos, a nível mundial. Vamos todos dar a volta?

Tiago Viegas, partner da The Hotel

O que está a ser feito, neste momento, para que a sua marca não perca relevância?

A resposta à primeira pergunta é simples: a ajudar outras marcas, para quem trabalhamos, a não perderem relevância. Se possível, ao mesmo tempo que ganham propósito e notoriedade.

Tudo como se não houvesse amanhã. Que, já que falamos nisso, se calhar não há.

Dito isto, e para que isso aconteça, é preciso que as ditas marcas também estejam a fazer pela vida, mas isso é outra história. Uma agência é também, obviamente, uma marca. Mas é uma marca que tem por missão falar em nome de outras, e isso faz toda a diferença.

Como dizia alguém, é falta de educação intrometermo-nos nas conversas das marcas para quem trabalhamos com os seus clientes. Com ou sem vírus, com ou sem emergência nacional. E talvez por isso mesmo a nossa resposta a esta pergunta seja, pura e simplesmente, continuar a trabalhar para outros. Se possível, mais ainda. A partir de casa e com ainda mais empenho, ainda mais vontade, ainda mais brio. Porque os nossos clientes nunca precisaram tanto de nós como agora. E quanto mais relevante for o trabalho que fazemos em seu nome, mais relevantes seremos para eles e para o mercado. Até porque, sejamos honestos, o mercado é um bidé e toda a gente sabe quem anda a fazer o quê.

E depois deste “buraco negro”, a sua marca será a mesma?

Marca sim, mais coisa, menos coisa. Vamos continuar a ser uma boutique, vamos continuar a ser low profile, vamos continuar a ser exigentes com o craft, a escrita, o design e as ideias, vamos continuar a fazer coisas com as nossas próprias mãos e, se tudo correr bem, vamos continuar a ser felizes. Lá está – mais coisa, menos coisa.

Já esta indústria, como todas as outras para quem trabalhamos, não. E nesse sentido, mais do que a marca, aquilo que fazemos, aquilo que vendemos, como o vendemos e por quanto o vendemos, esses sim irão mudar.

Não sabemos como, nem quando, nem por onde vai começar. Sabemos que os nossos clientes estão, muitos deles, a começar a sentir na pele os efeitos económicos da pandemia. E sabemos que nós, mais tarde ou mais cedo – e provavelmente mais cedo do que imaginamos –, vamos senti-lo também. Nos orçamentos disponíveis para comunicar, nos canais de venda e, por conseguinte, nos meios de comunicação. Podemos estar enganados, mas se o digital foi uma revolução, a pandemia obrigará à evolução. Não sabemos, ainda, para onde. Mas assim que descobrirmos, prometemos que os nossos clientes serão os primeiros a saber.

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