Tenho uma teoria

Por Rodrigo Gralheiro, Head of Digital Brand NOS

Eram os primeiros anos de 2000 e estávamos nos Laboratórios Multimédia. Torres de CPUs e ecrãs de muitos quilos, quase tantos como os dos calhamaços originais, ou fotocopiados, dos manuais de Director, Flash, Dreamweaver, Freehand. Parece e é pré-história, também nós queríamos dominar as ferramentas como quem domina o fogo. Foi aqui que um dos meus melhores professores me ensinou uma das lições mais valiosas: “carrega no F1”. Sim, o atalho para o “Help”.

Este gesto simples criou um hábito: o de procurar ajuda, soluções, investigar caminhos, experimentar e aprender.

É por isso que vejo sempre com surpresa a corrida cíclica aos cursos práticos de novas tecnologias ou plataformas emergentes. A mais recente: “Gostava de experimentar e perceber coisas de Inteligência Artificial, como escrever prompts? Como fazer uma imagem ou vídeo em AI? Que formação recomendas?”. A formação é importante, mas a autossuficiência também.

Não renego que ir para uma sala ouvir informação condensada, e bem servida, poupa muito tempo e acelera o processo. Teoricamente é prático ter aulas práticas, mas teoricamente quando investigamos, lemos e experimentamos, ganhamos prática e elasticidade mental.

Somos estimulados a pensar na solução, refletimos sobre a nossa realidade, orientamos a pesquisa e as novas leituras ao que temos e ao que não tínhamos sequer imaginado.

Não é muito prático ser teórico, há mais livro, mais scroll, mais apontamentos, mais tempo.

No meu caso foi prático ter aprendido a programar e a mexer em ferramentas de design, e também foi prático não ser nem programador nem designer, mas ser o teórico que os conseguia pôr a colaborar. Pratiquei a mesma teoria com clientes e criativos, equipas de performance e marca ou de UX e engenharia.

Agora que tenho o Manuel na escola e IA no bolso, qual a formação que lhe recomendaria? A minha teoria: a teoria vai-lhe ser uma coisa muito prática.

Obrigado ao professor Mário Vairinhos pela lição. A minha homenagem ao professor Armando Oliveira um dos principais responsáveis pela existência do curso de Novas Tecnologias da Comunicação da Universidade de Aveiro onde aprendi a ser um teórico.

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