Sumol+Compal
O plano internacional e a inovação são dois pilares estratégicos inquestionáveis da Sumol+Compal. E se o ritmo de lançamentos se deverá manter – apesar de ser intenção da administração vir a “emagrecer”, ou racionalizar, o portefólio de referências -, também a internacionalização manterá o seu lugar prioritário no que se refere a alocação de recursos, de esforços e de atenção. Tanto mais que, conforme sublinha José Jordão, administrador da empresa, não há outra hipótese da Sumol+Compal «crescer no futuro que não seja através da internacionalização». Com posições interessantes em alguns mercados europeus, é contudo África a grande aposta e, em particular, Angola. Neste momento, o mercado angolano representa já 60% do total das exportações da Sumol+Compal. E em curso está um plano de negócio para uma fábrica em Angola, a qual terá capacidade para abastecer não apenas esse mercado mas vários outros africanos, onde as referências da Sumol+Compal têm já presença de destaque, como Cabo Verde!
A Sumol+Compal reportou prejuízos de 1,28 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, contra lucros de 1,71 no período homólogo do ano passado. No entanto, o volume de negócios da empresa ascendeu a 261,6 milhões de euros no período em análise, contra 138,4 milhões no mesmo período. Este desequilíbrio de contas fica apenas e só a dever-se aos custos com a reestruturação após a integração da Compal?
Naturalmente que sim. Este ano, temos dois factores a considerar para interpretarmos os resultados. Primeiro, os custos de uma fusão, o facto de encolhermos em termos de estrutura. O custo associado é a relação de capitais próprios com os capitais alheios – particularmente difícil num ano como este. O lado positivo é a forma como temos evoluído na captação de proveitos, em especial no terceiro trimestre, que perspectivávamos atingir em 2009, sem embargo de haver a coabitação de duas coisas: a fusão e a conjuntura económica.
No total, quanto é que já foi alocado ao processo de integração?
Até ao momento 5,5 milhões de euros. No entanto, no terceiro trimestre de 2009 tivemos lucros de 2,49 milhões de euros e um crescimento de 10% em EBITA, o que mostra que os custos da reestruturação foram sentidos essencialmente nos primeiros meses do ano.
No próximo ano já não se sentirá o impacto da reestruturação?
Acredito que haverá algum impacto, mas não significativo em termos de resultados.
Em que produtos/marcas se registou maior crescimento?
Este é um ano muito difícil, o que faz com que gestores de marca tomem decisões que não são nada abonatórias para a construção de valor. E os números falam por si.
A Sumol+Compal não baixou os preços e continuou a investir!
Não baixámos os preços e nos sumos de fruta, a seguir o mercado, seria natural que o fizéssemos. Resistimos porque acreditamos que a nossa proposta de valor é equilibrada.
Foram penalizados por estarem em contraciclo?
De certa forma fomos penalizados por estarmos em contraciclo, a nível do preço. Na Sumol+Compal temos a estratégia de não baixar preços para manter quota de mercado. De qualquer forma, estas técnicas de baixa de preços e de promoções já foram feitas por marcas de grande consumo e os resultados a curto prazo nunca foram abonatórios. Por isso, protelamos esta tomada de decisão.
O que se altera em 2009 e, mesmo no final de 2008, é a existência de um consumidor muito mais preocupado. Um estudo da TNS classificou os novos consumidores; uns são denominados “solidários”, que são os que, apesar de não terem razões para ser pessimistas, solidarizam-se com outros. Este tipo de comportamentos penaliza-nos em termos de vendas.
As marcas de distribuição já representam um terço das compras dos consumidores portugueses. Acredita que é uma tendência passageira?
Está por provar que consumidores que aderiram a este tipo de proposta não voltarão a comprar as marcas originais depois da situação conjuntural ser menos desfavorável. Acredito que quando a situação económica mudar, ninguém quer continuar a ser miserável.
Quais as áreas que mais cresceram?
Temos três divisões: nutrição – onde está toda a marca Compal e Bongo; refrigerantes – onde cabe a Sumol, a B e todas as marcas Pepsi que nós franqueamos em Portugal; e a divisão de águas e cervejas – água Serra da Estrela, Frize, a Tagus e a Grolsch. Este ano foi particularmente interessante em refrigerantes. Em nutrição foi a divisão onde sentimos que se entrássemos na baixa de preços ou promoções teria sido bastante diferente, mas estamos a aguentar-nos estoicamente. O curioso é que isto se expressa em perda de quota em volume mas em valor é muito marginal.
Todos sabemos que o consumo fora de casa está a cair muito, mas a Sumol+Compal não, talvez pela força da distribuição. No início do ano houve um estudo que apontava para quebras de 30 a 40% para o consumo fora de casa, o que seria desastroso. Fechámos o mês de Novembro e percebemos que estamos muito bem no consumo fora de casa, em qualquer uma das divisões de negócio. O consumo de casa está mais afectado devido às propostas de baixo preço. A maioria dos nossos concorrentes sentiram-se compelidos a seguir estas políticas de baixa e promoções no primeiro trimestre. No segundo trimestre já se notou um recuo, também pela melhoria do clima económico. Mas a distribuição habituou-se a estes valores, que é bastante importante para o reforço do posicionamento.
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CONSULTE O ARTIGO NA INTEGRA NA MARKETEER Nº162.
Por Maria João Vieira Pinto