Streaming: Por que passamos 110 horas por ano apenas a escolher o que ver?
Um novo estudo, realizado com 2.000 subscritores americanos de serviços de streaming, revelou que o utilizador médio gasta 110 horas por ano a percorrer as opções disponibilizadas por serviços como a Netflix, Youtube e outros semelhantes apenas para escolher algo que valha a pena ver. A conclusão lembra o dilema “demasiado conteúdo, pouco tempo”.
O estudo, encomendado pela UserTesting e coordenado pela Talker Research, concluiu que um em cada cinco utilizadores acredita que encontrar algo para ver é mais difícil hoje do que há 10 anos. E porquê? Segundo os entrevistados, a causa está na sensação de sobrecarga de conteúdo. “O panorama do streaming evoluiu de resolver o problema de acesso ao conteúdo para criar um novo desafio: a descoberta de conteúdo”, afirmou Bobby Meixner, diretor sénior de soluções da indústria na UserTesting.
Embora 75% dos inquiridos aprecie os algoritmos de recomendação, 51% admitem que a quantidade de sugestões também é avassaladora. “A nossa pesquisa mostra que, apesar dos algoritmos avançados, os espectadores passam quase cinco dias completos por ano apenas a decidir o que assistir — tempo que poderia ser usado a aproveitar o conteúdo”, reforçou Meixner.
Além disso, muitos apontaram que os grandes catálogos (41%) e a produção excessiva de conteúdos originais (26%) contribuem para a frustração. Apesar disso, quase metade (48%) dos entrevistados já não utiliza televisão por cabo, preferindo o streaming pela variedade (43%), por disponibilizar programas não acessíveis em canais tradicionais (34%) e pela conveniência (29%).
Quando questionados sobre o “serviço de streaming de sonho”, os utilizadores destacaram funcionalidades como canais premium sem custos adicionais (40%) e uma interface fácil de navegar (39%). Mais de metade (52%) afirmou que a experiência de navegação influencia significativamente a sua decisão de subscrever.
Entre as principais queixas, 79% dos entrevistados manifestaram desagrado com custos adicionais para ter acesso a determinados conteúdos. Nesses casos, 59% indicaram que evitam pagar esses custos, procurando o mesmo conteúdo noutro serviço (73%) ou desistindo e vendo outra coisa (77%).
Os cancelamentos também são problemáticos: 23% afirma ter dificuldades em encontrar a opção de cancelamento no site (39%) ou que o processo é excessivamente complicado (36%).
Com conteúdos que nunca mais acabam, mas com a acessibilidade limitada e custos escondidas que frustram os consumidores, os serviços de streaming enfrentam um desafio crescente para manter a fidelidade.