Stories in a Box: ‘Por trás de uma marca existe sempre uma história… e uma pessoa’

Elizabete Agostinho é o exemplo de alguém que decidiu mudar de vida e transformar uma ideia em realidade. Proveniente da área da comunicação, onde se especializou em escrita criativa, deu origem à Stories in a Box, uma marca que celebra momentos e convida à descoberta.

Em entrevista exclusiva à Marketeer, Elizabete explicou como a marca surgiu de forma gradual: “A Stories in a Box foi surgindo, mais do que surgiu. Não foi de repente; foi uma ideia que se foi transformando.” A inspiração inicial era criar uma caixa para aspirantes a escritores, mas rapidamente se expandiu para caixas temáticas, que desafiam hobbies, celebram momentos ou refletem personalidades.

Apaixonada pelo ato de desembrulhar presentes, Elizabete quis criar algo único e pessoal. Assim nasceu a Stories in a Box, onde cada caixa é uma experiência que une surpresas cuidadosamente escolhidas, tornando simples objetos em convites para viver algo especial.

O nome é cativante e intrigante. Como é que surgiu essa escolha e o que pretende transmitir aos clientes?

Nesta altura, comecei a pensar num nome. Queria que pudesse, só pelo nome, representar o conceito. Para ser absolutamente verdadeira, a ideia inicial era Love in a Box. Quando fui registar a ideia e procurar domínios de sites, ver o que existia com esse nome, percebi que não era tão original como me tinha parecido inicialmente. E ainda bem. Porque me obrigou a parar para pensar em algo que realmente fizesse sentido. Porque gosto de histórias, e de alguma forma faço disso vida, e porque foi essa a primeira ideia, decidi chamar à marca Stories in a Box, e à sua primeira caixa, a original, a da escrita, a Story Box. O que pretendo transmitir é que um presente pode contar uma história, pode ser o início de uma história (de escrita, mas também de maternidade, de meditação, de jardinagem, de uma relação mais romântica… no fundo, cada uma delas pode ser o início de um novo estilo de vida), e proporcionar esta experiência quer o cliente compre para si, para poder ter o gozo de abrir a caixa, de ir descobrindo cada um dos seus objetos, quer quando se oferece, em que o efeito de surpresa é ainda maior.

O que mais custa é sempre começar. Quais foram os primeiros passos na construção do negócio?

Inicialmente, foi a parte burocrática e financeira. Isto é viável? Quanto preciso de investir para começar? Consigo? Qual é o risco? O que preciso de fazer? Depois, registar nomes. A seguir, procurar os profissionais de que precisava: alguém para criar o website e ajudar nas vendas online, alguém que me ajudasse na parte gráfica, na parte da imagem (felizmente, conhecia já excelentes profissionais que foram decisivos na criação do conceito). Depois, a parte em que não tinha qualquer experiência: fornecedores, compras, procurar o que fazia sentido para cada uma das boxes e procurar depois os fornecedores mais adequados. A parte das caixas em si era também muito importante para mim: queria que fossem caixas de madeira, que perdurassem depois da utilização dos vários objetos, que pudessem ser usadas como elementos decorativos, que pudessem ocupar um lugar de destaque numa sala, por exemplo, e fossem uma recordação perene da caixa… e da marca Stories in a Box.

Desde a ideia inicial até à concretização, como foi o processo de transformar o conceito numa realidade?

É um processo complexo, que demora sempre mais do que pensamos, e fica sempre mais caro do que pensamos! Estou a brincar, mas de facto, para mim, que sempre fui mais conceptual, até do ponto de vista profissional, foi um desafio. Sou por natureza bastante otimista, sobretudo do ponto de vista dos prazos, e o processo demorou algum tempo, até sentir que podia pôr o site no ar com a segurança de que conseguia corresponder aos parâmetros que tinha definido: entrega segura, em 48horas, pagamento seguro etc…

Que desafios encontrou na fase inicial e como os ultrapassou?

Diria que, em termos pessoais, foi passar de ter um trabalho que depende muito de mim, a ter um projeto que depende de muitos fatores. Mas isso é provavelmente o maior desafio que têm todos os empreendedores que transformam um conceito numa marca. Só que, por mais que se escreva sobre isto, por mais que se trabalhe marcas, só ganhei esta consciência quando efetivamente passei pelo processo.

Que aprendizagens resultaram desses momentos?

Que para aprender precisamos de errar, de apalpar terreno, de mandar ideias (e compras!) para o lixo para poder recomeçar da forma certa.

Houve alguma facilidade inesperada na criação do negócio? Algo que tenha corrido melhor do que esperava ou que tenha facilitado a implementação do projeto?

Sinto que se tivesse começado este negócio há cinco anos teria sido muito mais fácil (sim, pouco antes da pandemia!), não só pelo mercado que então existia, como pelo comportamento das redes e do marketing digital. Agora, é mais difícil conseguir um “boom”, é um processo diário, passo a passo, de contacto com os clientes, o algoritmo já não faz milagres.

Como foi o processo de atrair os primeiros clientes?

Perceber que é passo a passo. Um cliente de cada vez. Primeiro, o site. Depois, a divulgação digital. Depois, o marketing. Depois, perceber que é importante ter um contacto real: ir para a rua, para os mercados, partilhar a ideia olhos nos olhos, conquistar clientes pela história, pela identificação com o conceito, pela partilha. No fundo, é importante atrair clientes, mas sobretudo embaixadores: pessoas que acham tanta graça ao conceito que mostram a ideia às pessoas de quem gostam.

Que estratégias usou para gerar interesse e conquistar os primeiros consumidores para a marca?

Sobretudo estratégias de marketing digital. Porém, o que senti é que precisava de dar credibilidade, legitimidade à marca. Numa época em que existem tantas burlas online, tantos websites duvidosos, dar a quem visita o website a confiança de poder fazer o pagamento online sem ter tido contacto com a marca é um desafio. Porque uma conta de Instagram com 100 seguidores parece pouco credível, mas todas as contas começam por ter poucos seguidores. O caminho depois faz-se caminhando. Então, como costumo dizer, prefiro ter poucos, mas bons, e que todos eles sejam verdadeiros!

Quais foram as abordagens mais eficazes que a marca utilizou para se promover e alcançar público?

No início achei que nunca precisaria de me “mostrar”. Eu, Elizabete, pessoa por trás do negócio. Ou seja, achava que a marca, as caixas, os mimos que cada uma delas contém eram a única coisa que interessavam. O que percebi, diria que na segunda metade do ano passado, é que o consumidor se lembra mais facilmente de uma marca pequena quando tem um rosto por trás dela. Quando tem uma história por trás dela. Ironicamente, quis talvez fugir da minha própria história para dar primazia à marca para perceber que, afinal, a história é sempre o mais importante. E que por trás de uma marca existe sempre uma história… e uma pessoa. E foi sobretudo o contacto direto com as pessoas, nomeadamente nos mercados, que me ajudou a chegar lá.

O nascimento de uma marca vive, essencialmente, do marketing. Quais foram as estratégias que seguiu nesse sentido?

Divulgação nas redes sociais, divulgação para a comunicação social, para um ou outro “influenciador digital” que achei que fazia sentido para a marca. No fundo, todas estas estratégias estão a ser seguidas agora, porque ainda estamos apenas no início. Acredito que 2024 foi o aquecimento, 2025 será o ano de crescimento.

Ao longo do percurso, que momentos ou marcos se destacam como as maiores vitórias da marca?

Conseguir sobreviver ao Natal, com tudo entregue antes de dia 24! Depois dos últimos meses, descobri da pior maneira o conceito de “eu.presa”, a empresa em que está tudo centralizado numa pessoa. Aquelas dores de crescimento em que sabemos que temos de dar o passo seguinte, mas ainda com o receio de ser uma empresa muito jovem, à qual gostaria de dar mais sustentabilidade antes de aumentar a equipa, também para poder proporcionar um ambiente de trabalho estável e seguro. A época de Natal viu crescer o volume de trabalho de forma exponencial, e implicou um grande esforço humano para conseguir dar a resposta que queria dar. Foi duro, mas a prova foi superada.

Qual o seu desejo ainda por concretizar?

Gostaria de chegar, também, aos empresários, ao B2B. Ter empresas que ofereçam aos seus colaboradores, no Natal, no seu aniversário, ou no aniversário da empresa, uma das nossas boxes. Em vez do tradicional cabaz, uma experiência: imagino perfeitamente as tecnológicas a oferecer a Green Box ou a Zen Box, a empresa oferecer a Baby Box à sua funcionária grávida, ou um incentivo à criatividade com a Story Box, um momento de SPA com a Relax Box. Começámos timidamente este Natal, tivemos pequenas experiências nesse sentido, mas gostava muito que ganhasse outra dimensão.

Os feedbacks que foi recebendo dos clientes aguçaram-lhe o negócio? O que melhorou, o que introduziu e o que deixou cair?

Aguçaram, sobretudo para aquilo que certamente será o futuro da Stories in a Box. Há muitos pedidos para a personalização, e isso implicará uma nova forma de gerir o negócio, e sobretudo o stock. Creio que esse poderá ser o grande desafio da Stories in a Box a médio prazo.