Somos grandes!!! Parte 2
Ao longo deste mês, recebi diversos e-mails de leitores, abordando a temática do meu último editorial – “Somos Grandes”. Todos eles comungavam da mesma ideia, e grande parte da frustração de sermos “grandes”, mas porventura, envergonhados.
A todos, agradeço os e-mails e a vossa atenção. Contudo, ressalvo um, que sustentava que estes meus editoriais sobre este tema se tornaram numa “cruzada” para elevar o nosso sentimento, a capacidade e as fantásticas qualidades dos portugueses.
Não diria tanto, mas sem dúvida que são gritos de alerta.
E cada dia que passa parecem mais necessários e prementes, face ao que vamos ouvindo, vendo, vivendo.
Ao contrário de muitos outros povos e civilizações, o modo como defendemos e exaltamos as nossas qualidades e vantagens é denegrindo e caluniando os outros.
E, para grande surpresa, esta situação tanto acontece em momentos e actividades emocionais como racionais. Se numa situação ainda poderá haver alguma dose de compreensão, noutra é de todo incompreensível.
Tome-se o exemplo do futebol, da expressão do apoio a uma equipa de futebol. O modo mais directo que os adeptos têm de apoiar a sua equipa é fazer gestos obscenos, entoar canções provocatórias e chamar nomes caluniosos aos jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos das outras equipas. Como se tudo isso fizesse de algum modo os jogadores da própria equipa jogarem melhor.
Enfim!
Mas não se julgue que estes estranhos comportamentos são exclusivos de actividades com um grande pendor emotivo. O extraordinário é que também acontece, e muito, em actividades em que o lado racional deveria imperar.
Basta ver a política.
O modo como têm de defender as suas ideias e ideais é… atacar os outros, caluniar os outros, afirmar e gritar que os programas e projectos dos outros são errados, ridículos, disparatados. Em vez de enaltecermos e alavancarmos o lado positivo das nossas ideias, exploramos e reforçamos a negatividade das ideias dos outros.
Assim é muito mais difícil fazer com que as pessoas acreditem e aceitem as nossas ideias. Apenas se consegue fazer crer que as ideias dos outros estão erradas.