Somos grandes!!! Parte 2

ricardo_florencioAo longo deste mês, recebi diversos e­-mails de leitores, abordando a temática do meu último editorial – “Somos Grandes”. To­dos eles comungavam da mesma ideia, e gran­de parte da frustração de sermos “grandes”, mas porventura, envergonhados.

A todos, agradeço os e-mails e a vossa atenção. Contudo, ressalvo um, que sustenta­va que estes meus editoriais sobre este tema se tornaram numa “cruzada” para elevar o nosso sentimento, a capacidade e as fantásticas qua­lidades dos portugueses.

Não diria tanto, mas sem dúvida que são gritos de alerta.

E cada dia que passa parecem mais neces­sários e prementes, face ao que vamos ouvin­do, vendo, vivendo.

Ao contrário de muitos outros povos e ci­vilizações, o modo como defendemos e exalta­mos as nossas qualidades e vantagens é dene­grindo e caluniando os outros.

E, para grande surpresa, esta situação tanto acontece em momentos e actividades emocio­nais como racionais. Se numa situação ainda poderá haver alguma dose de compreensão, noutra é de todo incompreensível.

Tome-se o exemplo do futebol, da expres­são do apoio a uma equipa de futebol. O modo mais directo que os adeptos têm de apoiar a sua equipa é fazer gestos obscenos, entoar canções provocatórias e chamar nomes caluniosos aos jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos das outras equipas. Como se tudo isso fizesse de algum modo os jogadores da própria equipa jogarem melhor. Enfim!

Mas não se julgue que estes estranhos com­portamentos são exclusivos de actividades com um grande pendor emotivo. O extraordinário é que também acontece, e muito, em actividades em que o lado racional deveria imperar.

Basta ver a politica.

O modo como têm de defender as suas ideias e ideais é… atacar os outros, caluniar os outros, afirmar e gritar que os programas e projectos dos outros são errados, ridículos, disparatados. Em vez de enaltecermos e ala­vancarmos o lado positivo das nossas ideias, exploramos e reforçamos a negatividade das ideias dos outros.

Assim é muito mais difícil fazer com que as pessoas acreditem e aceitem as nossas ideias. Apenas se consegue fazer crer que as ideias dos outros estão erradas.

POR RICARDO FLORÊNCIO

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