Sindicato preocupado com impacto da saída de jornalistas na redação do Público
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) revelou preocupação em relação ao impacto da saída de jornalistas na redação do jornal Público, face ao plano de rescisões amigáveis que decorreu até 6 de janeiro de 2025. A apreensão do organismo foi divulgada através de um comunicado que o SJ publicou na sua página oficial e nos perfis nas diferentes redes.
“O programa de rescisões no jornal Público resultou na saída de cerca de duas dezenas de trabalhadores, a maioria jornalistas. O resultado deste processo deixa a Direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) preocupado com a degradação das condições de trabalho neste jornal, agravando a continuada perda de memória nas redações e fragilizando um título que completa 35 anos de existência em 2025.
Apesar deste programa de rescisões no jornal Público ter sido voluntário, o SJ vê na adesão expressiva que teve um grito de revolta e a expressão da vontade de abandono da profissão por parte de muitos jornalistas. Saídas justificadas por décadas de trabalho com condições deficientes e salários estagnados, uma perda contínua de poder de compra que se agravou nos últimos anos e levou jornalistas experientes e muito capazes à porta de saída.
A administração do jornal justificou este processo com o objetivo de reduzir a despesa com remunerações, de forma a garantir a viabilidade económica do título, num contexto de redefinição do modelo de negócio dos média. A Direção do SJ relembra que, por muitas mudanças tecnológicas que impactem os média, o jornalismo só se faz com jornalistas e que não é a descartar quem faz o trabalho que se consegue melhor trabalho e que o caminho deve ser do investimento, não de cortes.
O SJ vai estar atento e vigilante, pronto a denunciar e a agir se estas saídas forem colmatadas com recurso a estágios e contratos a termo, por forma a assegurar posições que correspondem a necessidades permanentes. Não poderemos tolerar ainda que a saída de jornalistas signifique o aumento da carga de trabalho para lá do legal e razoável a quem fica, especialmente porque sabemos que as redações portuguesas estão praticamente todas bastante depauperadas.
Este é mais um sinal de alerta numa classe que tem sido delapidada por sucessivos cortes, tantas vezes cegos, que fragilizam o jornalismo, os jornalistas e a sociedade portuguesa. Como é também preocupante a potencial substituição de jornalistas experientes por jovens trabalhadores com salários mais baixos, minando a capacidade de lhes oferecer a devida formação. Porque só se formam bons jornalistas com a passagem de conhecimento entre gerações.”