Shein, AliExpress e Temu sob investigação: 95% dos produtos violam regras da UE
As autoridades de fiscalização do mercado europeu divulgaram recentemente um relatório indicando que uma grande parte dos produtos comercializados em plataformas chinesas amplamente utilizadas, como Shein, AliExpress e Temu, não está em conformidade com as normas da União Europeia.
De acordo com o estudo, entre 85% e 95% dos itens inspecionados apresentam falhas que violam as regulamentações em vigor. Diante desta realidade, os reguladores dos Países Baixos apelam a uma ação conjunta para enfrentar os perigos associados a estes produtos e proteger os consumidores.
As plataformas de comércio eletrónico provenientes da China têm registado um crescimento exponencial na Europa. Um exemplo claro é a Temu, que conseguiu superar a Shein em quota de mercado em França apenas quatro meses após a sua entrada no país. Contudo, este crescimento rápido tem levantado sérias preocupações quanto à conformidade e segurança dos produtos comercializados.
Os Países Baixos desempenham um papel crucial na entrada de produtos de comércio eletrónico na União Europeia, sendo o ponto de receção de mais de mil milhões de encomendas anuais provenientes da China.
Segundo dados das Alfândegas dos Países Baixos, o volume de encomendas de comércio eletrónico disparou nos últimos anos, passando de 172 milhões em 2021 para 718 milhões em 2023, com previsões de atingir 1,4 mil milhões em 2024. Estes números representam cerca de 40% do total do comércio eletrónico na União Europeia.
As inspeções realizadas em artigos provenientes da Shein, AliExpress e Temu revelaram graves incumprimentos das normas de segurança europeias. Entre os problemas identificados estão brinquedos com peças pequenas que apresentam risco de asfixia para crianças, dispositivos eletrónicos que podem sobreaquecer ou provocar incêndios, e produtos com substâncias químicas proibidas, como o chumbo.
Além disso, uma parte significativa destes produtos não conta com um representante legal na Europa, como exigido pela legislação comunitária, complicando ainda mais o processo de fiscalização e responsabilização.
Diante destes resultados, as autoridades reguladoras e alfandegárias dos Países Baixos estão a apelar a uma estratégia conjunta para lidar com o aumento do fluxo de produtos que não cumprem as normas europeias. Este esforço envolve todos os intervenientes na cadeia de fornecimento — desde fabricantes e comerciantes até empresas de transporte, governos e consumidores — no sentido de garantir que apenas produtos seguros e de qualidade chegam ao mercado europeu.
Um pedido formal foi apresentado ao Ministro dos Assuntos Económicos dos Países Baixos, solicitando a adoção de medidas mais rigorosas para proteger os consumidores europeus de importações inseguras e de baixa qualidade.