Ser influencer ou criador de conteúdo é mesmo uma profissão?
Na última década têm sido cada vez mais os jovens que se dedicam às redes sociais – seja como influencer seja como criador de conteúdo – rentabilizando-as. Seja através de parcerias com marcas, ou vídeos para a plataforma, o certo é que esta monetização das plataformas tem vindo a aumentar e, com ela, também se verifica uma mudança na publicidade e na forma como a mesma é feita.
Mas será que podemos escolher ser “influencer” ou criador de conteúdo como profissão? De acordo com Javier Lorente, professor da EAE Business School de Barcelona, sim, pode ser uma profissão.
Em entrevista à NoticiasTrabajo, pertencente ao HuffPost, Lorente confirma que “ser criador de conteúdo é uma profissão”, uma profissão que “não depende dos estudos, mas da forma como podemos ganhar a vida”.
Na sua perspectiva, “se existe um tipo de atividade para a qual alguém está dispostos a pagar, estamos a falar de uma profissão”.
Os influencers praticam um tipo de profissão escalável, ou seja, podem gerar rendimentos que não dependem diretamente do tempo ou esforço adicional que dedicam, mas sim do alcance ou impacto que causam com o mesmo esforço inicial. Lorente aponta a necessidade de mudar a mentalidade que existe na sociedade sobre este assunto. “O valor que proporcionamos nem sempre está relacionado com o esforço que fazemos por trás dele”, aponta, destacando que “por que as empresas estão dispostas a pagar dinheiro ou a confiar em estranhos para anunciar certas marcas ou gerar certas tendências” e esta é uma questão que deve ser refletida.
Além disso, o modelo de consumo mudou: já não são as empresas ou as marcas que decidem. Atualmente são as pessoas que escolhem o que querem consumir e quando querem fazê-lo. Prova disso são as redes sociais , onde são oferecidos conteúdos personalizados.
“Hoje em dia é mais difícil acreditarmos nas informações sobre um produto fornecidas, por exemplo, pela OCU, do que se fossem fornecidas por um influenciador”, aponta Lorente.
Quanto à publicidade, “as marcas vão onde o público está” e nos dias que correm “o público está nos vídeos nas redes sociais”. “As marcas, em vez de gastarem uma fortuna numa campanha publicitária televisiva, optam por atomizar as suas campanhas , ou seja, dividi-las em pequenas colaborações com diferentes criadores de conteúdos para que se possam conectar com um determinado público”, explica o professor.
A questão a ter em conta nesta nova profissão é a estabilidade que a mesma trará ou não para o influenciador ou criador de conteúdo, uma vez que ninguém pode prever quanto tempo durará o boom.
Lorente alerta para o seu “excesso de oferta” e aconselha: “A diferença entre publicar conteúdo e ganhar a vida com isso exige alguns elementos de sorte, estar na hora certa e no lugar certo, além de ter alguma preparação para tornar o conteúdo viral.”
Por isso, “é quase imprescindível” que todas as pessoas que queiram levar isto como uma profissão “tenham algum tipo de estudos” e “vontade de contar algo aos outros e expressar sua opinião publicamente”, sem esquecer de se preparar para um trabalho mais estável.