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Sem Jornalismo fico sem trabalho
Texto de Luana Alexandrino Gouveia, Consultora especialista em Comunicação e Relações Públicas.
Isto pode ser polémico (e até um pouco exagerado), mas é a verdade: cada vez vemos mais meios de comunicação a fechar portas, e no ecossistema das agências de comunicação parece-me assunto tabu (corrijam-me se estiver errada).
A verdade é que nas agências, predominantemente as que trabalham com assessoria de imprensa, os jornalistas são quase que “parceiros de trabalho”, no sentido em que trabalhamos em sinergia (na maioria dos casos). É claro que o trabalho de um consultor de comunicação não se resume apenas ao contacto que tem com os jornalistas, mas sejamos sinceros: é das partes mais importantes, senão a mais importante.
Então expliquem-me, não estamos preocupados com esta crise que vemos no jornalismo? Porque deixamos de falar deste assunto?
É cada vez mais normal ouvir: “Tens acesso a este artigo? Podes enviar?”. E aí pergunto: com a predominância do digital, deixámos de comprar jornais; com os jornais online que têm artigos exclusivos, pedimos acesso emprestado…
Se pedissem um comunicado de imprensa emprestado “só para me inspirar”, reagíamos com a mesma leveza? E sem jornalistas, enviamos estes comunicados de imprensa para quem? Para os criadores de conteúdo? Claro que são importantes mas em vertentes e estratégias diferentes.
Pagamos por ferramentas de clipping, softwares e bancos de imagem sem hesitação, mas hesitamos em pagar pelo conteúdo que nos dá credibilidade, que sustenta muito do nosso trabalho. Como faz sentido?
Está na hora de valorizarmos o jornalismo como valorizamos qualquer outra ferramenta essencial. Está na altura de olharmos para a compra/subscrição dos meios de comunicação como um investimento em ferramentas de trabalho! Vamos a isso?