Desafios reais

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Em finais da década de 70, Luís Alves Costa, presidente e fundador da SDG – Simuladores de Modelos de Gestão, e criador do Global Management Challenge (GMC), experimentou um simulador muito simples com os seus alunos de Informática do ISCEF, actual ISEG, e que viria a ter um enorme sucesso. Trata-se de uma plataforma de desenvolvimento de competências de estratégia e gestão interactiva de aproximação entre o mundo académico e o empresarial.

Nessa altura, ao ter contacto com um simulador de gestão, ficou muito entusiasmado com o potencial do simulador, acabando por fechar um contrato com exclusividade mundial para a utilização do simulador. Foi o ponto de partida para o nascimento do Gestão Global, que mais tarde, devido à sua internacionalização, foi rebaptizado para Global Management Challenge. «O impacto da primeira edição em 1980 foi muito grande.

Eram tempos em que não havia acesso a este tipo de coisas e foi muito valorizado pelos altos quadros das principais empresas do país», afirma João Matoso Henriques, managing director da SDG. A missão deste desafio, que se mantém até hoje, consistia na promoção da literacia da estratégia e da gestão, criando condições para desenvolver, em ambiente seguro, as competências nestas áreas. E não só de gestores, mas de todos os profissionais e estudantes universitários, independentemente das respec tivas formações académicas. «Pretendia-se disponibilizar uma metodologia que permitisse aplicar e desenvolver conhecimentos de estratégia e gestão em ambiente competitivo semelhante ao que se vive no mundo real», vinca João Matoso Henriques. Ao longo de mais de 35 anos de competição, a internacionalização da iniciativa e o aparecimento da internet foram os momentos que transformaram e tornaram o GMC no que é hoje.

«A internacionalização, que aconteceu logo na segunda edição com a entrada do Brasil, abriu as portas para um modelo de competição internacional, que de início não tinha sido considerado», explica. Acerca do aparecimento da internet, explica que «foi algo que “veio mesmo a calhar”. As características da competição eram totalmente compatíveis com a internet e com a sua chegada alavancou a dinâmica da competição de uma maneira brutal. Basta imaginar que tudo se baseava em documentos em papel enviados por correio ou por fax. A era digital do GMC já começou há quase 20 anos».

As regras do jogo

A competição destina-se a colaboradores de empresas e estudantes universitários. Não existem quaisquer restrições de idade, sector de actividade ou formação académica. «O Global Management Challenge não é uma ferramenta apenas para treinar gestores ou futuros gestores, é uma plataforma de desenvolvimento de competências. Obviamente quem tem mais competências de gestão tem maior probabilidade de ter uma melhor performance, mas os principais vencedores são aqueles que mais aprendem», refere o responsável da SDG.

Os participantes do Global Management Challenge têm de fazer parte de uma equipa, composta por três a cinco pessoas, em que competências relacionadas com o trabalho em equipa vão ser a base de todo o processo. «Tudo o que esteja relacionado com trabalhar em equipa, gerir pessoas, gestão do tempo e conflitos vão ser muito trabalhados. Por outro lado, estamos a falar de tomar decisões difíceis e complexas num determinado período de tempo, logo, todo o processo de tomada de decisão sob pressão vai ser uma das chaves do sucesso», explica João Matoso Henriques.

Há, depois, a componente de preparação e análise para dar suporte à tomada de decisão. Aqui, são trabalhadas as aptidões analíticas e os conhecimentos de estratégia, gestão e compreensão das demonstrações financeiras e dos KPIs mais típicos da gestão empresarial. Existe uma forte componente de hard skills, mas são as soft skills que, na opinião de João Matoso Henriques, acabam por ser mais trabalhadas e determinantes para o sucesso das equipas.

«Basta observar uma competição e é fácil detectar os diferentes perfis pre sentes em cada equipa. Quem lidera e quem é liderado, quem desenvolve os modelos Excel para testar cenários, quem pensa a estratégia… ou até quem se dispersa ou não se envolve», salienta. Há, por outro lado, a ter em conta aspectos como o desenvolvimento de networking empresarial, a oportunidade de estudantes universitários competirem com quadros de empresas e terem um primeiro contacto com o mundo empresarial, alguns até conseguindo o seu primeiro emprego com os patrocinadores da competição.

Para recrutar participantes, a SGD trabalha em conjunto com algumas universidades, reitorias, professores e associações de estudantes. Para além de realizar várias competições específicas em universidades, utiliza também o simulador em aulas práticas de gestão em algumas licenciaturas, mestrados e MBA.

Edição especial

Este ano será celebrada a 40.ª edição do GMC. Entre outras novidades, será apresentada uma nova imagem e versão de simulador. Para fechar em grande, a final internacional desta edição realizar-se-á em Lisboa, em Abril de 2020.

Em termos da competição em si, a SDG espera superar as 351 equipas e os cerca de 1500 participantes de edição 2018. Fazendo um balanço das quatro décadas deste projecto, o managing director refere que o caminho tem sido bastante positivo. <e destaca algumas alterações pouco percepcionáveis, que permitiram um grande impacto na actividade da SDG. «No entanto, há sempre muita coisa a melhorar.

Na nossa gestão temos de conseguir um equilíbrio entre os recursos disponíveis e os objectivos a atingir. É sempre um exercício de priorização difícil de fazer, o que significa que nunca conseguimos trabalhar todas as frentes que gostaríamos», explica o responsável. Quando ao futuro, há que continuar a melhorar as parcerias com as universidades e aumentar protocolos para atrair mais estudantes. Junto dos profissionais, é essencial melhorar a divulgação do GMC, principalmente ao nível das PME. A nível internacional, a SDG tem feito um esforço para atrair a participação de países com mercados interessantes. Para 2019, vão entrar a Austrália, Nova Zelândia, Arábia Saudita, Togo, Benim e Equador.

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