Saúde oral infantil: a partir de que idade devem as crianças ir ao dentista?
Por Dra. Vera Janeiro, odontopediatra na Malo Clinic Lisboa
Uma boa higiene oral influencia, de forma positiva, a saúde e bem-estar de todas as crianças. É nesta fase que adquirimos os hábitos de higiene oral que nos vão acompanhar até à vida adulta. Assim, os pais são os grandes responsáveis por ajudar os filhos a criarem uma rotina de cuidados da saúde oral de forma a crescerem motivados e conscientes da importância que este acto tem nas nossas vidas. É importante criar um ritual familiar na hora de escovar os dentes, reduzindo assim o peso de uma “actividade obrigatória” que só é feita por ordem dos pais. Quando a criança se diverte é muito mais fácil criar um hábito saudável do que quando este é imposto.
Todos sabemos que, em muitos momentos, pode não ser uma tarefa fácil fazer com que as crianças escovem os dentes, mas é um esforço necessário para que elas cresçam responsáveis e cientes da importância de cuidar da sua saúde oral. Neste sentido, a formação das crianças é essencialmente baseada nos modelos adultos que as acompanham. Ver os pais a escovar os dentes e incentivá-los a fazer o mesmo é essencial para que esse comportamento se fixe como a rotina do dia-a-dia.
Para que os pais possam ter uma ajuda sobre como criar estas rotinas e qual a melhor forma para o fazer é de extrema importância levarem os seus filhos desde cedo ao odontopediatra.
É no primeiro ano de vida que se começam a estabelecer alguns hábitos orais, tais como a amamentação, alimentação e também a sucção de chupetas e do dedo, que se forem feitos de forma desequilibrada podem levar ao aparecimento de cáries, problemas gengivais e problemas de oclusão. Tudo isso pode ser prevenido com uma primeira consulta ao odontopediatra durante este primeiro ano de vida.
Numa consulta de rotina, nenhum procedimento dói e os pais devem estar conscientes disto de forma a que possam ajudar o médico-dentista no decorrer da consulta. A criança que frequenta o dentista desde cedo irá crescer e acabará por desenvolver um vínculo afectivo e de confiança com o mesmo. É também por esta razão que as crianças tendem a ter um melhor comportamento quando já são maiores, uma vez que já se encontram familiarizadas não só com o espaço como também com o odontopediatra que as vai tratar.
A consulta tardia de uma criança pode ser mais traumática porque, geralmente, essa visita ao odontopediatra ocorre apenas quando a criança já está com algum problema dentário. Muitas vezes a consulta é mais difícil porque a criança não está familiarizada com o ambiente envolvente e, na maioria das vezes, já apresenta dor, o que conduz a uma apreensão e ansiedade maiores e, algumas vezes, até à recusa do tratamento.
Esta prática de cuidar da saúde oral desde cedo e de forma regular fará com que as crianças cresçam mais conscientes da importância deste hábito. O acompanhamento profissional é sempre importante para que a dentição se desenvolva de forma saudável e esses pacientes cresçam num ambiente que lhes é familiar e no qual depositam toda a confiança. Além disso, a tendência é que quando se tornarem adultos eles transmitam esses mesmos hábitos futuramente para as gerações seguintes, reduzindo assim não só a ansiedade de ir ao dentista como a probabilidade de desenvolverem lesões de cárie em idade precoce.