Sabugueiro é a primeira aldeia inteligente e os resultados estão à vista
Monitorização da saúde, telegestão da água, mobilidade e eficiência energética são os quatro pilares do projecto Aldeia Inteligente de Montanha promovido pela Fundação Vodafone. A aldeia do Sabugueiro, a mais alta de Portugal, foi a escolhida para o programa-piloto que pretende melhorar a qualidade de vida e o desempenho ambiental. Neste caso o conceito de Smart Cities foi aplicado a uma aldeia da Serra da Estrela já que «não há territórios condenados», como afirmou Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, na apresentação dos primeiros resultados do projecto que decorreu ontem, no Sabugueiro.
O investimento de, até agora, 300 mil euros por parte da Fundação Vodafone permitiu que durante, os quatro anos em que a Aldeia Inteligente de Montanha tem vindo a ser construída, os consumos energéticos e hídricos tenham baixado. A instalação de 40 equipamentos de medição de consumos em edifícios domésticos resultou numa poupança de 20%, ao passo que a substituição das lâmpadas em 24 das 125 luminárias da aldeia permitiu uma economia de 8,8% em termos energético devido à tecnologia LED. Os equipamentos de medição permitem perceber em tempo real quais os aparelhos ou áreas da casa que estão a gastar mais energia e traçar um plano a partir daí. Paralelamente, a Fundação Vodafone entregou tomadas inteligentes com controlo remoto que deixam ligar ou desligar um candeeiro ou máquina do café, por exemplo, com a ajuda de uma aplicação.
No caso da eficiência hídrica, o objectivo é reduzir o consumo em 20% até 2020 e, para tal, foi instalado um equipamento de telegestão no reservatório de água e ainda na ETAR, na margem direita do rio Alva para controlar o tratamento de águas residuais.
Segue-se a saúde com a implementação do sistema OneCare Sensing, financiado pela Fundação Vodafone e desenvolvido pela Isa Intellicare. O mesmo está presente no lar do Subugueiro, onde diariamente os técnicos de saúde monitorizam os sinais vitais dos utentes, tanto os institucionalizados como os que se deslocam até lá. Além do lar, o sistema está também em 20 casas de famílias sinalizadas através do Centro de Saúde de Seia devido a doenças crónicas. Em ambos os casos, os dados recolhidos são imediatamente enviados para o Centro de Saúde, facilitando o acompanhamento médico dos moradores da aldeia.
Resta a mobilidade, melhorada através da disponibilização de um automóvel eléctrico que pretende encurtar a distância entre o Sabugueiro e Seia, apoiando cidadãos com mobilidade reduzida ou escassez de recursos.
Para suportar todas estas inovações tecnológicas, foi necessário instalar fibra óptica no Sabugueiro. Este foi o primeiro passo dado pela Fundação Vodafone que permitiu, além dos aspectos já referidos, disponibilizar Wi-Fi no centro histórico da aldeia. Ainda no que ao entretenimento diz respeito, os moradores passaram a ter acesso a IPTV, deixando para trás a TDT.
Para Mário Vaz, presidente da Fundação Vodafone, o projecto é um exemplo de sucesso e mostra como a tecnologia pode servir não só os centros urbanos como locais mais rurais. Presente no evento de apresentação, o responsável destacou a redução da distância física, o aumento da informação e os benefícios directos na actividade económica local como alguns dos principais resultados. Mário Vaz seguiu ainda a deixa de Jorge Brito, presidente da Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha, que havia aproveitado a presença do secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, para criticar as dificuldades burocráticas que encontraram. Mário Vaz disse ser necessário «agilizar o enquadramento legal» e referiu ainda que o objectivo é replicar o projecto-piloto noutros locais, sendo que existem já partes do programa a funcionar nas proximidades, como é o caso do equipamento de medição de energia que está já no centro escolar de Seia.
O projecto-piloto foi implementado em parceria com a Unidade Local de Saúde da Guarda, a Junta de Freguesia do Sabugueiro, a Associação de Beneficência do Sabugueiro e Águas do Zêzere e Côa (actual Águas de Lisboa e Vale do Tejo).
Texto de Filipa Almeida