Sabia que muitas máscaras vão parar à sanita? Campanha da EPAL quer pôr fim a isto
Na última semana, a EPAL – Empresa Portuguesa de Águas Livres lançou uma campanha que tem como objectivo sensibilizar e educar a população sobre o que não deve ser deitado pelo cano. Em entrevista à Marketeer, o director de Marketing da entidade, Marcos Sá, salienta que, apesar de a consciência ambiental ter vindo a aumentar, está a acontecer «a um ritmo mais lento do que aquilo que o planeta precisa».
“Não vá ao Engano! Lixo não é no cano!” é o mote desta iniciativa, que junta a Águas do Vale do Tejo (AdVT), gerida pela EPAL, aos municípios de Portalegre, Borba, Fornos de Algodres e Proença-a-Nova, propondo o estabelecimento de um compromisso de boas práticas a adoptar e a cumprir para cuidar do ambiente.
«Através de informação simples e conselhos práticos sobre o que não deve ir para o cano», refere Marcos Sá, pretendem reforçar «a sensibilização face aos problemas causados pela colocação indevida de resíduos no esgoto, nomeadamente os entupimentos da rede e a dificuldade dos próprios processos de tratamento das águas residuais».
Aliás, em consequência da pandemia e do tempo passado em casa, a produção de resíduos, especialmente sólidos, aumentou significativamente nos lares, «devido ao aumento massivo do take-away», explica o porta-voz da EPAL. Além disso, muitos «resguardaram-se em casas de férias ou de família, o que fez com que a pressão sobre os sistemas de saneamento fora dos centros urbanos aumentasse bastante».
Marcos Sá acrescenta ainda que, a par de uma maior pressão sobre as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), a pandemia veio também «criar a massificação da utilização de dois novos resíduos: as máscaras e as luvas descartáveis», que são muitas vezes deitados fora «sem o cuidado necessário e sem ser no sítio certo», como nas sanitas.
«Infelizmente, também é comum vermos máscaras abandonadas no chão nas ruas, o que faz com que estas, através das sarjetas e sumidouros, encontrem o seu destino final nos rios e nos mares», confessa. É por isso que, às vezes, «basta relembrar às pessoas aquilo que já sabem» e, para tal, «campanhas de sensibilização desta natureza são importantes e fundamentais».
Embora nesta fase de arranque do projecto, apenas quatro autarquias contribuam para a difusão da mensagem subjacente à campanha, o plano é que, num futuro próximo, os restantes 66 municípios servidos pela AdVT participem de igual forma. Por enquanto, a divulgação avança através dos meios e das redes próprias, quer dos municípios quer da AdVT.
Para tal, foram desenvolvidos vários suportes de comunicação, como folhetos informativos, cartazes e flyers, que deverão acompanhar as contas da água e saneamento. A difusão da mensagem será feita também através de um spot de rádio e de anúncios de imprensa nos meios locais e regionais, além da publicação de vários posts nas redes digitais das entidades envolvidas, assim como de outdoors e mupis digitais nas regiões.
Além da população em geral, a campanha vai focar-se em particular na comunidade escolar e no sector industrial, nomeadamente a indústria queijeira. A primeira para implementar, desde cedo, boas práticas que serão «aprendidas e assimiladas como comportamentos naturais». Até porque «o papel das crianças como educadores no seio familiar é indiscutível», atesta Marcos Sá.
A segunda para que os resíduos que chegam às ETAR apresentem as condições necessárias de forma a que a água seja tratada e devolvida ao meio ambiente em condições seguras. Como elucida o director de Marketing da EPAL à Marketeer, as descargas indevidas de efluente industrial, nomeadamente provenientes da produção de lacticínios, provocam graves danos no tratamento levado a cabo nas ETAR, devido à sua elevada carga orgânica.
«A AdVT já realizou um trabalho extraordinário no município de Nisa, junto dessa indústria. Queremos utilizar essa experiência para fazer o mesmo no Município de Borba e ajudarmos, em conjunto com a autarquia e as juntas de freguesia, esta indústria tão importante a melhorar as suas práticas. Com isto, ganhamos todos, quer do ponto de vista ambiental quer do ponto de vista da sustentabilidade, ou do ponto de vista do desenvolvimento do turismo e dos medidores do desenvolvimento local.»
Assim, esta fase inicial da campanha “Não vá ao Engano! Lixo não é no cano!” irá prolongar-se até ao Dia Mundial da Terra, assinalado a 22 de Abril, com a divulgação dos vencedores de um concurso escolar que será lançado no decorrer das divulgações.
Texto de Beatriz Caetano