Sabe por que os equipamentos femininos de atletismo são mais reveladores do que os masculinos?

Os equipamentos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, desenhados pela Nike, têm levado a um debate aceso sobre o design das roupas femininas nas competições de atletismo. A apresentação dos kits no passado mês de Abril evidenciou um contraste claro entre os equipamentos masculinos e femininos, provocando reacções intensas tanto em atletas como no público em geral.

Numa imagem que rapidamente se tornou viral, dois manequins lado a lado mostravam, à esquerda, o equipamentos masculino composto por uma camisola sem mangas e calções de comprimento médio, e à direita um maillot feminino destacava-se pelo corte alto, exibindo uma virilha estreita que deixou visíveis os ossos púbicos de plástico do manequim.

Esta diferença levantou questões sobre a adequação e o conforto dos equipamentos femininos, bem como as pressões sociais sobre as atletas para exibirem o corpo de uma forma que não é exigida aos homens.

A ex-atleta de atletismo dos EUA, Lauren Fleshman, manifestou-se nas redes sociais, argumentando que os designs femininos são influenciados por «forças patriarcais» que colocam uma pressão desnecessária sobre as atletas, realça a CNN. A atleta destacou que as competidoras deveriam poder competir sem a preocupação constante de expor partes vulneráveis do corpo.

Mas outras atletas também expressaram as suas preocupações. Tara Davis-Woodhall, saltadora em comprimento, comentou que o seu “hoo ha iria estar à vista” nos jogos de Paris, enquanto a atleta de salto com vara Katie Moon partilhou uma imagem do uniforme nas redes sociais, afirmando que o problema poderia estar mais relacionado com o manequim do que o design em si.

Em resposta, a Nike emitiu uma declaração esclarecendo que o maillot é apenas uma das 50 peças da colecção e que seria possível fazer ajustes personalizados conforme necessário. Além disso, a marca ainda afirmou que a colecção foi desenvolvida após consultas com atletas para atender às suas necessidades específicas.

Embora não existam muitas regulamentações sobre o que os atletas podem vestir em pista, a World Athletics estabelece que as roupas devem ser “limpas e projectadas de modo a não serem ofensivas” e “não transparentes.” As mudanças nos uniformes ao longo dos anos reflectem uma evolução contínua dos tecidos e designs para optimizar o desempenho atlético. No entanto, a diferença evidente entre os uniformes masculinos e femininos levanta questões sobre normas de género e igualdade no desporto.

Dobriana Gheneva, professora no Fashion Institute of Technology em Nova Iorque, comenta que os atletas devem ter opções para vestir o que os faz sentir mais confortáveis, mas alerta para os designs que revelam demasiada pele, pois é crucial questionar por que os uniformes femininos têm de ser mais reveladores do que os masculinos e procurar um equilíbrio que respeite a dignidade e conforto das atletas.

Artigos relacionados