Rubis Gás: Aposta na digitalização de um negócio tradicional

Com uma presença no nosso país que já conta com quase dez anos, a Rubis tem vindo a fazer um processo de transformação digital que começou nas áreas de processos e canais de comunicação, mas rapidamente chegou à relação da marca com o consumidor. Além das plataformas de apoio ao cliente cada vez mais digitais e áreas web reservadas, a marca permite a encomenda de garrafas de gás directamente a partir do smartphone ou do computador. Cristina Machado, directora de Marketing, Projectos e Desenvolvimento de Negócio da Rubis, explica à Marketeer como a Rubis Gás faz o seu caminho no ambiente online.

A Rubis começou a operar em Portugal em 2014. De lá para cá, como tem vindo a crescer a actividade da empresa em território nacional?

A Rubis Energia Portugal está presente em Portugal desde 2014 e é um dos principais players no mercado de distribuição de GPL (gás em garrafa, gás a granel, gás canalizado e GPL Auto). A Rubis Energia tem olhado para o mercado português numa perspectiva de sustentabilidade a longo prazo e tem feito investimentos significativos em aquisições de infra-estruturas, rede de distribuição, logística e operações, consolidando a sua posição no mercado.

Pertencendo a um grupo internacional francês que opera há mais de 30 anos no sector da energia, qual a importância do mercado português para a estratégia da marca?

O investimento do Grupo Rubis no mercado português inseriu- se no âmbito da sua política de aquisições e de investimentos em nichos de mercado geográficos. O grupo está presente em mais de 40 países em África, nas Caraíbas e na Europa.

Portugal é um mercado com bastante peso no portefólio do grupo no que diz respeito ao continente europeu, no negócio de comercialização de GPL.

O grupo tem demonstrado possuir um modelo de negócio sólido, numa estratégia de multiprodutos em multipaíses, com um modelo de gestão descentralizada, operando, entre outros, no sector da distribuição e comercialização de combustíveis, GPL e betumes e, mais recentemente, no sector da produção de electricidade renovável, segmento onde pretende ser também um player de referência.

Desde quando sentiram necessidade de investir no canal de e-Commerce e de que maneira tem vindo a evoluir a procura pelo mesmo?

A transformação digital do negócio surgiu nos últimos anos e começou com a digitalização dos processos e dos canais de comunicação, criação de linhas e plataformas dedicadas de apoio ao cliente e áreas web reservadas.

Rapidamente nos apercebemos de que a evolução digital teria também de chegar à actividade de comercialização dos nossos produtos, para evitarmos a sua estagnação, ganharmos mais competitividade e irmos ao encontro das expectativas dos clientes, proporcionando-lhes uma melhor experiência na compra de garrafas de gás.

Conseguimos recriar digitalmente o nosso modelo de negócio e disponibilizar uma aplicação dedicada ao negócio de gás, onde o cliente pode encomendar e comprar a sua garrafa de gás, no seu revendedor habitual.

Assim, surgiu em 2021 a App Rubis Gás, uma aplicação dedicada ao negócio de gás em garrafa, na versão mobile, disponível para download através das stores (iOS e Android) e agora, numa versão desktop melhorada, acessível a partir do nosso website rubisgas.pt.

Iniciámos este trabalho de desenvolvimento da App Rubis Gás em 2020, numa altura em que as soluções de lojas online, neste segmento de mercado, eram muito baseadas em versões de websites de encomendas adaptadas aos ecrãs dos telemóveis. Fomos, assim, pioneiros na criação de uma aplicação mobile dedicada ao negócio de gás. Tem sido um processo muito recompensador, não só ao nível da experiência dos clientes, mas também dos nossos parceiros de negócio.

Além das garrafas de gás, os clientes podem encomendar outros produtos e beneficiar de parcerias e de descontos exclusivos. Este canal tem evoluído dentro das nossas expectativas e tem crescido à medida que vamos disponibilizando novos produtos e novas parcerias/ofertas.

Qual a importância do desenvolvimento tecnológico para o crescimento da empresa?

O desenvolvimento tecnológico e a digitalização são cruciais para que a empresa consiga acompanhar as tendências actuais de evolução a que assistimos hoje no mundo. Um negócio tradicional, como é o da venda de garrafas de gás, não pode deixar de se desenvolver tecnologicamente, de modo a assegurar o seu futuro.

Basta pensarmos nas gerações mais jovens, que já nascem neste mundo digital e para quem os modelos tradicionais já não se adequam. A capacidade de adaptação tecnológica é, desta forma, um factor que se apresenta cada vez mais como crítico para o crescimento da empresa.

Quais os factores que consideram como sendo críticos de sucesso deste negócio?

O sucesso do nosso negócio assenta, sobretudo, na qualidade do serviço prestado pela nossa rede de revendedores, em todo o País. É com verdade que dizemos que mais do que gás, entregamos calor de norte a sul de Portugal Continental e Ilhas, e isso tem-se revelado nos excelentes níveis de satisfação dos nossos clientes em todos os segmentos de negócio.

Para além da capilaridade da nossa marca, acreditamos na competência e no empenho de todo o capital humano da empresa e na nossa capacidade de adaptação, sinal de resiliência e de vitalidade.

E quais as principais ameaças ao negócio a nível global e em Portugal, em particular?

Além das actuais circunstâncias de deterioração das condições económicas dos portugueses, que terão impacto no nosso negócio e em vários outros sectores da economia, a principal ameaça é a forma como a transição energética rumo à descarbonização está a ser baseada, acima de tudo, na electrificação dos consumos, retirando ao consumidor opções de escolha. Acreditamos numa transição energética justa, sendo que deverá existir um mix de soluções energéticas alternativas adequadas às necessidades e circunstâncias de cada consumidor.

A descarbonização não deve estar assente somente na electricidade e acreditamos que os gases renováveis, como o bio GPL e o rDME, podem proporcionar uma solução fácil de descarbonização para os consumidores, com menores níveis de investimento, permitindo a utilização das infra-estruturas já instaladas.

Quais as vantagens da Rubis face aos seus concorrentes?

Em Portugal, somos uma empresa exclusivamente dedicada ao negócio do gás e operamos em todos os segmentos do GPL, como as garrafas de gás, o gás a granel e o gás canalizado. Somos reconhecidos pela nossa elevada responsabilidade do ponto de vista técnico e de segurança e temos uma rede de revendedores e de parceiros que se diferenciam verdadeiramente pela qualidade do seu serviço e pela sua proximidade. Desde a aquisição do negócio que a marca Rubis Gás se mantém como segundo player no mercado português de GPL em garrafa.

Os canais de e-Commerce funcionam de forma diferente para cada tipo de cliente?

O canal e-Commerce é dedicado aos segmentos de venda de gás em garrafa e venda de equipamentos a gás, como os aquecedores a gás de interior, de exterior e barbecues.

Para os outros segmentos, temos as áreas reservadas a clientes, onde procuramos disponibilizar toda a informação que os clientes necessitam no âmbito da nossa relação comercial, bem como a possibilidade de fazerem as suas encomendas online.

Qual a importância das parcerias para oferecer produtos mais competitivos através dos canais online?

Ao longo destes anos, a Rubis tem vindo a criar parcerias como, por exemplo, a que tem com o ACP, e estas parcerias podem ser alavancadas através do e-Commerce com todos os benefícios que isso traz para a Rubis, para os seus parceiros, mas, sobretudo, para os clientes finais. Estamos focados em melhorar continuamente a satisfação dos nossos clientes, por isso queremos complementar as nossas ofertas com outros benefícios. Em breve, vamos ter novidades em relação a novas parcerias.

A aposta no e-Commerce contribui para a sustentabilidade? Digamos que não existe uma relação directa entre a encomenda de uma garrafa de gás via solução e-Commerce ou via a compra tradicional. O e-Commerce pode ter um impacto negativo a nível ambiental, se estivermos a falar de negócios baseados na utilização de embalagens não retornáveis e deslocações extras. Ora isso não acontece no negócio de distribuição de gás que funciona, desde sempre, num modelo de economia circular, em que as garrafas entregues cheias ao domicílio são devolvidas vazias às instalações onde são novamente enchidas.

As garrafas de gás têm uma vida útil extremamente longa, podendo mesmo, no limite, nunca serem retiradas de circulação. Uma garrafa de aço, por exemplo, a cada 15 anos é sujeita a uma inspecção e requalificação, reentrando no circuito comercial. Acresce ainda que, se por algum motivo não voltam a entrar em circulação, o aço e o latão das válvulas das garrafas são reaproveitados. É, sem dúvida, um negócio sustentável a este nível. O facto de as pessoas encomendarem através dos canais online pode permitir uma optimização das rotas de distribuição e redução dos níveis de CO2 em toda a cadeia.

Como esperam que seja o ano 2023?

2023 será um ano de grandes desafios, mas vai ser, sobretudo, um ano de consolidação da nossa estratégia no digital. Estamos muito optimistas em relação ao futuro e a tudo o que poderemos fazer pelos nossos clientes e parceiros de negócio.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “E-Commerce”, publicado na edição de Abril (n.º 321) da Marketeer.

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