Ricardo Tomaz: «A mobilidade eléctrica terá ainda mais sentido no contexto pós-crise»
O que ficará depois deste “buraco negro” do novo coronavírus? Que marcas iremos ter? E como é que passarão a estar e a comunicar? Não sendo possível qualquer previsão clara e certa, fomos, contudo, tentar perceber de que forma é que algumas das maiores empresas e marcas em Portugal estão a reagir e como esperam sair do momento mais crítico de todos os tempos, a nível mundial. Vamos todos dar a volta?
Ricardo Tomaz, director de Marketing da SIVA
O que está a ser feito, neste momento, para que a sua marca não perca relevância?
A primeira prioridade é a de assegurar – tanto quanto possível – o nível de actividade comercial dos nossos concessionários. O que significa tentar manter a intenção de compra dos clientes neste contexto propício ao adiamento de decisões. Isso faz-se não só através de mensagens de marca – para continuar em “top of mind” – muitas delas adaptadas à necessidade de precaução e apelando à responsabilidade individual –, mas também com propostas comerciais originais ou serviços inovadores que valorizem a conveniência dos clientes actuais ou potenciais.
É preciso lembrar que as medidas em vigor durante o estado de emergência mantêm as oficinas dos concessionários em funcionamento, mas impedem contudo os “stands” de abrir ao público, o que penaliza muito a actividade comercial e a venda/entrega de carros novos ou usados.
Esta situação obriga-nos a substituir o canal físico pelo digital, total e imediatamente, o que não é um desafio menor. Não só em termos de recursos e de processos a nível da nossa organização, mas sobretudo em termos de inovação nas propostas de valor que temos que apresentar aos nossos clientes.
E depois deste “buraco negro”, a sua marca será a mesma?
Não é difícil prever que “no dia seguinte” seremos porventura mais preocupados com conceitos como a protecção do meio ambiente ou a solidariedade com as gerações futuras, e que eles ganharão ainda mais relevância nos nossos comportamentos. A mobilidade eléctrica terá ainda mais sentido no contexto pós-crise do coronavirus porque o estado de espírito dominante será o de ruptura com o passado e a adopção de novas soluções que “salvem o nosso futuro”.
A estratégia das marcas do Grupo Volkswagen está assente na noção de sustentabilidade – no que diz respeito à mobilidade. Elas colocaram-se na frente da ofensiva dos carros eléctricos e pretendem liderar esse mercado no ano de 2025. Estamos a poucos meses da chegada ao mercado da nova geração de produtos dessa ofensiva – com o Volkswagen ID.3, o primeiro carro “carbono zero”, sustentável da fase de produção até à de reciclagem.
Depois deste “buraco negro”, as marcas responsáveis brilharão mais aos olhos dos consumidores. Nesse aspecto, as nossas estão particularmente bem posicionadas.