Alimentação saudável durante a gravidez
Mesmo antes de engravidar, uma alimentação equilibrada é o segredo para preservar o bem-estar e o equilíbrio físico. Sabe-se hoje que os mil dias de vida da criança (desde o momento da concepção até aos 2 anos de vida) são fortemente influenciados pelo aporte nutricional, significando que são decisivos para prevenir várias doenças crónicas, como a diabetes, obesidade e hipertensão, no futuro da criança. O líquido amniótico e o leite materno são as primeiras fontes de educação alimentar, replicando na vida in utero e, mais tarde, nos primeiros tempos de vida do bebé, uma passagem de hábitos sensoriais associados à respectiva tradição culinária da família.
Durante a gravidez, se a alimentação for cuidada durante o período de gestação e não houver excesso de peso para além do desejado, a mesma irá proporcionar um bebé saudável. É necessário que a grávida se discipline de modo a só aumentar 1 kg por mês, somando no final 9 kg mais 2 kg para o último mês de gravidez, altura em que o bebé aumenta o seu peso corporal.
Não é necessário comer por dois e também não é necessário satisfazer todos os impulsos e desejos alimentares. O aporte calórico deve ser o normal, acrescido de +/- 300 kcal por dia, que passam a ser reguladas pelo nível de apetite.
No 1.º trimestre: não existe aumento das suas necessidades energéticas totais (NET);
No 2.º trimestre: deverá acrescentar cerca de 330 kcal às suas NET;
No 3.º trimestre: deverá acrescentar cerca de 452 kcal às suas NET.
Por exemplo: uma mulher com NET de 1900 kcal/dia, quando engravida, necessitará de 1900 kcal/dia durante o 1.º trimestre, 2230 kcal/dia durante o 2.º trimestre e 2352 kcal/dia durante o 3.º trimestre.
Quanto mais variada for a escolha alimentar, maior será a probabilidade de a gestante adquirir os nutrientes essenciais, privilegiando sempre a qualidade dos alimentos em detrimento da quantidade, polifraccionando as refeições ao longo do dia.
Aumento de peso durante a gravidez
O ganho ponderal durante a gravidez deve-se à formação da placenta, líquido amniótico, crescimento do feto, volume do útero e do sangue, tecido mamário e gordura de reserva, pelo que durante os nove meses de gravidez este aumento deve ser regular e adaptado às características individuais de cada mulher e sempre sob vigilância médica.
O peso que a mãe irá ganhar durante a gravidez deverá ser calculado de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) antes da gravidez: calcula-se através da divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura (cm) IMC = kg / (cm)2.
Se, por um lado, a grávida necessita de ganhar peso para gerar os alicerces que permitirão um desenvolvimento saudável do feto, por outro, deve evitar aumento súbito de peso pois está associado a complicações como a diabetes gestacional por oscilações na concentração de açúcar no sangue.
Um inadequado ganho de peso está associado ao aumento do risco de atraso de crescimento intrauterino e mortalidade perinatal pelo que o aumento de peso adequado irá refletir uma fácil recuperação pós-parto e preparar a amamentação adequada para o bebé.
Aproveite este período para criarem novos hábitos alimentares familiares, como, por exemplo, melhorar as escolhas alimentares, cozinhar em casa e não pedir “fast food” e sobretudo comer devagar de forma a saborear os alimentos.
Toxinfecções alimentares
As toxinfecções alimentares são graves, principalmente se ocorrerem durante o período de gravidez, uma vez que os agentes patogénicos responsáveis por estas toxinfecções conseguem penetrar na circulação materno-fetal, provocando malformações fetais ou mesmo a morte fetal. Além disso, alguns medicamentos que são utilizados no tratamento destas toxinfecções não podem ser administrados na gravidez, por serem potencialmente nefastos para o feto, havendo assim um agravamento da patologia na mãe. Perante esta situação deve haver uma especial atenção na forma como se escolhem, se conservam e se preparam os alimentos, de modo a aproveitar ao máximo o seu valor nutricional, reduzindo ao mínimo o risco de aparecimento de doenças infecciosas ocasionadas por bactérias ou parasitas, tais como a salmonelose, a listeriose e a toxoplasmose. Assim devem evitar-se alimentos, tais como lacticínios não pasteurizados, alimentos mal confeccionados, principalmente ovo, carne e peixe, alimentos crus, tais como os mariscos ou o sushi, molhos ou alimentos embalados ou pré-preparados e saladas ou frutas mal higienizadas. Existem peixes (peixe-espada preto e o atum) que contêm níveis potencialmente perigosos de metil-mercúrio, uma forma de mercúrio que pode causar danos no sistema nervoso do feto. Os pais devem verificar sempre a data de validade dos diversos alimentos, certificarem-se de que a água de consumo é potável e rejeitar estabelecimentos cuja higiene tenha carácter duvidoso. Em casa deve haver um cuidado acrescido na conservação de sobras alimentares e reaquecimento das mesmas, de modo a não haver perigo de contaminação. Também a correcta higienização das mãos e dos utensílios de cozinha deve estar sempre assegurada.