A criança no Mundo

Todos temos consciência da relevância das relações sociais e do saber viver em comunidade, respeitando os parâmetros das regras sociais. Mas de que forma a socialização é importante no desenvolvimento infantil? E afinal em que consiste a socialização? Comecemos exactamente por esta questão: a socialização é um processo interactivo, no qual a criança atende às suas necessidades e compreende e assimila os hábitos da cultura em que está inserida. A socialização tem início logo após o nascimento e é um processo que ocorre ao longo de toda a existência. Designa-se por socialização infantil a parte deste processo que decorre durante o período da infância e o principal objectivo deste processo, nesta altura específica, é que as crianças identifiquem e compreendam o que é bom, mau, correcto e incorrecto e assimilem esses valores, vivendo e actuando segundo os mesmos.

Mecanismos de socialização

Mas de que forma assimilam as crianças os valores? Sobretudo de três maneiras distintas: aprendizagem, imitação e identificação. Com os pais, cuidadores e na escola, as crianças aprendem os valores, regras sociais e os modelos correctos de comportamento. Por outro lado, observando os modelos de comportamento as crianças imitam-nos, interiorizando a informação. E, por último, a identificação ocorre quando a criança se identifica com uma pessoa e desempenha o papel, que considera importante, que essa mesma pessoa tem. De salientar ainda que todo o processo de socialização dá-se através dos agentes de socialização que, como não podia deixar de ser, são desempenhados pela família, escola, meios de comunicação social e as outras crianças.

Neste sentido, a família é o primeiro meio de socialização da criança, por ser o primeiro agente a transmitir valores morais e a ensinar as regras base do código social, no qual a criança irá estar sempre integrada. Aliás, uma das funções da família é exactamente incentivar a socialização integrante dos seus elementos, como forma de resposta às necessidades da sociedade em que está integrada. O que significa que a família não só age como elemento activo na integração em sociedade de cada indivíduo, como também é um ponto de referência para os seus elementos.

Práticas educativas

Como já vimos, os pais e/ou cuidadores da criança são os primeiros agentes a transmitir as normas e regras sociais e fazem-no através das chamadas práticas educativas. É preciso, desde já, salientar que estas práticas podem, por vezes, representar um verdadeiro desafio por necessitarem de reflexões constantes para serem colocadas em prática. Tal fica a dever-se, por vezes, ao modelo educacional de que os pais foram alvo. Por outras palavras, é agora utilizada uma matriz educacional que assenta numa relação positiva e de proximidade entre pais e filhos; mas alguns dos actuais pais de crianças passaram por uma educação mais conservadora e severa, o que por vezes levanta algumas dúvidas e daí a necessidade de reflexão.

Como não podia deixar de ser, os bebés iniciam o processo de socialização com as mães. É a comunicação entre ambos que vai estabelecer, em grande parte, o vínculo do recém- nascido com o mundo. Vários estudos apontam, aliás, que este relacionamento é vital para o estabelecimento de padrões comportamentais da criança. Já o dissemos, a socialização inicia-se com o nascimento e é um processo que ocorre ao longo do tempo e que terá como resultado trabalhar sentimentos em função das acções.

Fase das perguntas

Na fase primária da socialização, a criança faz uma aprendizagem incondicional, acreditando em tudo. Tal fica a dever-se à falta de experiência de vida, assim como à ausência de condições para avaliar o que é verdadeiro ou não. É também nesta fase que as crianças questionam mais os adultos para aceder ao máximo de informação possível.

Esta fase primária de socialização deixa marcas profundas no indivíduo, isto porque é neste período que assimila a linguagem, as regras básicas de sociedade, os valores morais e de comportamento de grupo em que está inserido. O período dos zero aos seis anos é aquele em que a criança faz mais descobertas e regista maiores mudanças.

Em todo este processo de socialização, o afecto é um elemento crucial, não só porque influencia o temperamento e personalidade da criança, como também tem impacto no desenvolvimento cognitivo da criança. Num ambiente rico em empatia, compreensão e muito amor, a socialização da criança acontecerá de forma natural e saudável que, no futuro, se constatará num adulto perfeitamente integrado na sua comunidade e a viver e a agir de acordo com valores morais, assentes na tolerância e compreensão.

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