Recuperação à vista? Facturação em Portugal ultrapassa valores pré-pandemia

A segunda e a terceira semana de Julho trouxeram boas notícias ao mercado português: a facturação dos negócios superou os valores pré-pandemia. De acordo com dados da Reduniq, só na terceira semana deste mês, o valor total facturado ultrapassou em 5% o registado na primeira semana de Março. Nos primeiros dias de Julho, o aumento tinha sido de 1% face ao mesmo período.

Tiago Oom, director da Reduniq, sublinha que o facto de a «facturação ter crescido consecutivamente em Portugal durante cinco semanas, tendo-se registado o maior aumento na semana de 28 de Junho a 4 de Julho, em que o valor total facturado subiu 10% em relação à semana anterior».

Verifica-se também um crescimento da facturação estrangeiro: esta categoria teve um peso 10,41%, ou seja quase o dobro de Junho. A Reduniq justifica este resultado com a reabertura das fronteiras, mas lembra que fica muito abaixo dos 25,62% registados no período homólogo.

Destaque ainda para as tecnologias contactless, que continuam em destaque em tempo de pandemia: este tipo de pagamentos representou 26% da facturação total em Julho versus 6% no período homólogo.

«Estes números demonstram igualmente que, após um período de desconfinamento faseado, os portugueses estão cada vez mais a regressar aos seus hábitos de consumo quotidianos e a retomar as suas actividades de lazer (como regressar aos ginásios, jantar fora, etc.), respeitando sempre as recomendações impostas pelas autoridades de saúde», acrescenta Tiago Oom.

Hotelaria contraria tendência

De Junho para Julho, nota-se uma recuperação da variação homóloga em quase todos os sectores analisados, com excepção da área da saúde. Farmácias (56%), retalho alimentar tradicional (35%) e eletrodomésticos/tecnologia (25%) são os sectores com as variações homólogas positivas que mais se destacam.

Verificou-se também uma recuperação geral relativamente ao número de pontos de venda activos por sector face a Fevereiro. Em sentido inverso encontra-se a área da hotelaria e actividades turísticas, a operar 20% abaixo de Fevereiro – ainda assim, está a recuperar desde Abril, quando tinha apenas 32% de pontos de venda activos.

Quanto a perdas acumuladas desde o início do ano até 18 de Julho, face ao ano passado, o sector de hotelaria e actividades turísticas apresenta perdas na ordem dos 69%. Tiago Oom diz que é um «cenário preocupante, sobretudo num sector que em 2019 já representava 8,7% do PIB nacional».

Contudo, ressalva, «encontra-se em crescimento há quatro semanas consecutivas, com destaque para a semana da abertura das fronteiras, em que o crescimento da facturação rondou os 40% face à semana anterior».

Moda, perfumarias e restauração também estão entre os sectores que mais sofrem com a pandemia: as perdas acumuladas até 18 de Julho são de 46, 43 e 38%, respectivamente.

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