«Queremos continuar a ser a melhor empresa de RP. Mas já somos muito mais do que isso»
Reflectir o ADN da Lift e afirmar o posicionamento de agência fully integrated que a consultora tem vindo a sedimentar ao longo dos últimos dois anos são os objectivos da empresa ao apresentar ao mercado uma nova imagem e uma nova assinatura: «São um reflexo daquilo que já somos», garante Salvador da Cunha, CEO da Lift.
Presente no mercado da comunicação há 25 anos, a Lift surge, agora, com a assinatura “Evolving Communication”. Salvador da Cunha explicou, em conversa com a Marketeer, como é que chegou aqui e como é que os dois anos de pandemia o motivaram a organizar a casa, integrar competências e a conseguir, em 2021, ter o melhor ano, em volume de negócios, da história da empresa.
Em que consiste esta reorganização?
Há dez anos, começámos um processo de integração de disciplinas novas. Fizemo-lo através de novas empresas que fomos comprando e formando em várias áreas de negócio distintas. Aí nasceu o Lift World que era uma realidade interessantíssima que nos foi permitindo aprender essas novas disciplinas como as áreas digitais, as redes sociais, as áreas de criatividade (que não existiam nas agências de comunicação) e de activação. Tivemos agências de quase todos os tipos e feitios.
Há cerca de três anos, comecei a perceber que tínhamos estas agências todas (eram dez na altura) e não conseguíamos fazer o que queríamos. Ou seja, o alinhamento estratégico de clientes. Tínhamos tudo dentro de casa, mas quando começava a tentar reunir as tropas para responder a um pitch com as várias áreas, não o conseguia fazer porque havia outros trabalhos para fazer nessas agências. Esta estrutura de uma holding com uma série de participadas a fazer tudo é muito difícil. Isto porque as pessoas são sócias, são managing partners e têm de fazer o planeamento semanal e mensal. E muitas vezes não havia capacidade de resposta e não podíamos ir aos concursos com uma oferta completamente integrada porque não tinha capacidade de resposta em casa.
A pandemia veio resolver uma parte desse problema. Comecei por integrar uma série dessas empresas dentro da Lift e vender outras. Isso aconteceu quase tudo durante a pandemia.
Esta nova realidade que surge hoje é o culminar do processo de reorganização interna que fez com que crescêssemos muitíssimo. Hoje, somos uma empresa fully integrated com todas as áreas de negócio dentro da Lift e, no fundo, muito mais alinhados e planeados do que éramos há uns anos. Agora temos uma estrutura de liderança que percebe o que é que é para fazer, os desafios dos clientes e organizamo-nos internamente em função desses desafios que nos lançam ou que nós lançamos aos clientes.
A Lift SGPS mantém-se com a Brand Cook (empresa de design), a True Stories (de vídeo) e a Youzz (influencer marketing).
Achámos que fazia sentido criar uma nova imagem que reflectisse aquilo que nós somos agora e não aquilo que nós fomos nos últimos anos. Em vez de criar uma imagem daquilo que queremos ser, já somos o que queremos ser e criámos a imagem agora porque culmina o processo.
Passam agora a aparecer apenas como Lift e com uma nova assinatura. O que pretendem transmitir com “Evolving Communication”?
Pretende transmitir o facto de sermos fully integrated e que hoje não há nada que os clientes nos peçam que nós não possamos fazer do ponto de vista de serviços de Marketing. Fazemos e fazemos bem. Temos pessoas boas para todas as áreas e uma equipa de leadership de 18 pessoas (uma para cada área de negócio dentro da Lift). Todas essas áreas funcionam umas com as outras dentro da empresa, mas não de forma departamental e sim de forma colaborativa.
O “Evolving Communication” tem também a ver com a forma como queremos evoluir na comunicação que é aquilo que temos feito, sem ter aqueles padrões típicos de antigamente de uma agência de publicidade para os anúncios, a agência de relações públicas para fazer os press releases, a agência de activação para activar a marca… Agora é diferente. O cliente tem um problema e vamos resolver o problema com um conjunto de ferramentas que sejam as indicadas para o cliente.
O nome da Lift ainda está, hoje, muito associado a relações públicas tradicionais, mas já representa menos de 50% do nosso negócio.
Mas continua a ser a área com maior peso?
Continua. Porque quem vem atrás de nós ainda vem associado a uma imagem de grande empresa de relações públicas que nós continuamos a ser. Não negamos isso e queremos continuar a ser a melhor empresa de relações públicas. Mas já somos muito mais do que isso. E é isso que queremos transmitir aos clientes.
Este “Evolving Communication” quer dizer que nós tentamos estar na crista da onda e estar estrategicamente onde faz sentido para os clientes. Temos uma área de planeamento estratégico muitíssimo forte – liderada pela Ana Faustino.
Os clientes entram pelas relações públicas e depois vão alargando a outras disciplinas?
Exactamente. A Navigator era, há seis anos, um cliente pequeno para a Lift. Hoje, é um grande cliente porque temos projectos de conteúdos, digitais, redes sociais, comunicação, relações públicas… Vamos integrando disciplinas com o cliente, tentando entender o que é que o cliente nos pode dar mais e como podemos servir melhor o cliente.
O que acontecia no passado é que nós fazíamos a estratégia – que nem vendíamos bem – e depois eles iam fazer os eventos ou a criatividade com outras agências. Ou seja, ficávamos com uma pequena parte, apenas. Hoje, pegamos no projecto de fio a pavio e temos essa capacidade do ponto de vista estratégico e criativo.
Quantas pessoas fazem parte da equipa?
Na Lift são 65 pessoas. A Lift SGPS tem mais 10 administrativos e financeiros. E temos mais 25 nas outras empresas (True Stories, Youzz e Brand Cook). 100 pessoas no total. As pessoas na Lift são extraordinárias. Algumas estão comigo há 25 anos como a Marta Marreiros, que é uma pessoa extraordinária. Mas a equipa toda é muito unida.
Que áreas crê que têm potencial para disparar este ano?
Relançámos a área de eventos em Agosto. Fomos buscar o Filipe Lima ao Dubai para trabalhar connosco e acho que temos muito potencial na área de eventos em termos de volume para crescer.
Dentro da Lift as áreas tradicionais de PR são muito grandes: brand corporate e consumer engagement, por exemplo. As outras são mais pequenas e precisam de fazer o level up. Do ponto de vista estratégico, vamos fazer desenvolver aquelas que achamos que precisam de ser mais robustas, que são as mais emergentes e as que entraram mais tarde. A área de public affairs está cada vez mais forte e vai crescer bastante; a área de influencers está a ser trabalhada também na integração da Youzz com microinfluencers e a Lift com macroinfluencers (não vamos nunca representar influenciadores; vamos à procura deles e negociamos com as agências deles).
As apostas que vou fazer, além dessas, vão ser o digital, as redes sociais e conteúdos. A área de conteúdos é ainda relativamente incompreendida, mas que tem um potencial enorme. As pessoas querem saber o que as marcas pensam e o que dizem e vão directamente ter com elas para o saber. Vamos reforçar equipas nessas áreas à medida que vamos crescendo.
Têm clientes na Lift a ser trabalhados por todas as áreas integradas?
Com todas não temos. Com várias temos alguns clientes. Os dez principais da Lift já são muito integrados. Exemplos são a Navigator/Cemapa, Samsung, Fox/Disney, Grupo Mosqueteiros, Microsoft, L’Oréal, Worten, Sogrape, Grupo SEB…
Temos mais de 100 clientes, o que nos dá uma robustez e solidez que não é fácil de ter. Quando um cliente vai embora, em geral, não representa mais de 5% do volume de negócios. No último ano, perdemos dois e ganhámos 15. Crescemos 62%. Passámos para 5,35 milhões de euros de facturação em 2021. De 2019 para 2020 tínhamos tido uma quebra de 9%.
Texto de Maria João Lima