Que caminhos para Portugal?
Ricardo Florêncio
Director Editorial Marketeer
Editorial publicado na edição de Setembro de 2012 da revista Marketeer
Quais os caminhos para Portugal? Afinal, quais as reais alternativas que temos? É notório que a austeridade excessiva não nos leva a lado nenhum. É aritmética. Mais austeridade, menos consumo, menor circulação de produtos, menos produção, menos meios intermediários de produção e de transportes, menos consumo de matérias-primas, menor circulação monetária, menor carga fiscal absoluta, menos impostos arrecadados, mais desemprego, mais custos de Estado, e por aí adiante. É notório, e mais do que isso, lógico. Pela mesma razão, também não é aumentando mais os impostos que se conseguem mais receitas. Já chegámos ao ponto em que a curva sofre uma inflexão e a correlação das variáveis passa a ser negativa. Veja-se o caso do IVA.
Por outro lado, também não é pela disponibilização de avultados montantes para investimentos que pode passar a solução. No passado, essa solução deu o resultado que está à vista. Investimos grande parte desse valor numa série de infra-estruturas, algumas das quais da mais duvidosa necessidade, e agora entre auto-estradas, jardins, pavilhões, piscinas, espalhados pelo País, não teremos certamente recursos disponíveis para os manter adequadamente.
Sendo assim, quais as nossas alternativas? O que deveremos efectivamente fazer para que consigamos alterar o rumo da situação? Penso que é um pouco de tudo. Desde a nossa maneira de ser, ao nosso civismo, ao modo como enfrentamos as questões e contratempos, mas falemos neste momento em questões de foro empresarial.
Por um lado, é de todo indispensável a abordagem ao mercado externo. E essa abordagem tem de passar obrigatoriamente por um vasto conjunto de caminhos que funcionarão em paralelo.
Desde a criação de melhores condições para uma maior atractividade do investimento estrangeiro em Portugal, ao aumento da competitividade das nossas empresas e produtos além-fronteiras, traduzindo-se no aumento das exportações.
Registe-se, com agrado, o muito que se tem feito nos últimos tempos sobre esta matéria, mas também nos lembremos no muito que há a fazer.
Uma das situações mais chocantes prende-se com a quase nula predisposição que os portugueses têm para se juntar, para se agregar, para priorizar, no sentido de deterem economias de escala e também escala na produção, que permitam entrar em mercados que exigem quantidades de produtos, que poucos, muito poucos, conseguem produzir. Relembre-se o caso do vinho, em que várias situações abortam, não pela qualidade dos produtos, não pelo seu preço, mas, sim, pela incapacidade dos nossos produtores de satisfazer as quantidades pedidas.
Contudo, e para além do mercado externo, há que continuar a contar com o interno. Apesar de tudo, existe mercado interno.
E muitas empresas, muitos empreendedores continuam a ter sucesso nas operações internas, sinal evidente que continua a valer a pena.
E são todos estes projectos, histórias, situações que devem e merecem ser contadas, partilhadas, e mesmo ampliadas, para que todos recordemos o que de muito bom se faz em Portugal.
É este o mote da nossa próxima conferência, a 4.ª Conferência Marketeer, a realizar em Outubro de 2012 no Museu do Oriente.