Preparado para o Quarantine Challenge?

Dois espaços, um mesmo menu confeccionado pelas equipas dos dois espaços numa só cozinha. É este o desafio a que se propuseram neste confinamento o restaurante de fine dining The Art Gate e o de cozinha tradicional moderna Ofício, ambos de  Lisboa e que têm como chefe executivo Hugo Candeias.

E nós fomos desafiados a experimentar o conceito.

Todas as segundas-feiras é dado o tiro de partida nas contas de Instagram dos dois espaços (theartgate.co e oficio_restaurant). Nas stories são lançadas várias perguntas aos seguidores que, na prática, são quem decide o menu dessa semana. Com essas respostas definem-se ingredientes e métodos de confecção de cada espaço. No final de cada terça-feira fica fechado e é revelado o menu que pode, então, ser encomendado (até quinta-feira ao final do dia) para as entregas que são feitas sexta (ao jantar), sábado e domingo (ambos ao almoço).

No sábado, exactamente às 12 horas, a hora combinada, a campainha de casa soou (para os comensais do concelho de Lisboa existe delivery próprio; quem quiser fazer a recolha no local pode fazê-lo no sistema de drive-thru). As papilas gustativas preparavam-se para o momento desde segunda-feira, quando começámos a ajudar a desenhar o que nos chegaria a casa. Mas havia, confesso, alguma desconfiança. Quem é que nunca se deparou com uma refeição entregue em casa em que os alimentos estavam para lá do ponto ou que ao aquecer perdem qualquer encanto que pudessem ter tido? Esqueça essas más experiências. Aqui foi tudo irrepreensível. Cada um dos momentos do menu vinha com uma etiqueta com a sua descrição e com as dicas para aquecer ou desenformar. De modo que armei-me em pseudo-chefe e foi ver-me apenas a aquecer e a empratar.

Da minha cozinha começou por sair a Baby Gem com molho César, queijo parmesão e pele de frango crocante. Uma belíssima forma de começar até para aqueles que não são os maiores fãs de saladas como é o meu caso. Mas não posso deixar de referir a complementaridade que existia entre os vários elementos que pareciam ter sido desenhados para estar juntos. E a pele de frango crocante estava não só no ponto de crocância como tenho a certeza que o seu sabor perdurará na minha memória ainda depois de muitas boas refeições.

As moelas quase à portuguesa foram as senhoras que se seguiram. À mesa o meu filho comentava: «Quase tão boas como as da avó!» Mas deixem-me confidenciar-vos… As da avó são (é verdade!) uma categoria, mas estas estavam ainda melhores! E acompanhadas dos crocantes – que não conseguimos descobrir do que eram feitos – revelaram-se uma manifestação dos deuses.

A raia em papelote também quis ter o seu momento. E teve-o. Acompanhada com cenoura, alho francês e molho holandês, a que se juntou o puré de batata trufado, vieram provar que mesmo sendo aquecidos no forno durante uns minutos o sabor e a consistência estavam todos lá. Um regalo para o palato!

Para rematar um pijaminha de sobremesas. O pudim flan com baunilha com uma cremosidade nem sempre vista e a tarte de amêndoa a fazer justiça à expressão doce q.b.

Texto de Maria João Lima

Artigos relacionados