Precisará Portugal de um Chief Marketing Officer?

Ricardo FlorêncioA edição de Novembro da revista Marketeer tem como tema principal a imagem de Portugal e o que podem fazer as empresas portuguesas por essa imagem. Este tema é tão importante para a Marketeer, que, a 27 de Outubro, levámos a cabo a nossa Conferência anual com este mesmo tema. Mas, afinal, qual a imagem de Portugal que desejamos passar para o estrangeiro? Quais os nossos valores, qual a nossa missão, quais os nossos pontos fortes?

Temos de ter um ponto de partida. Temos de ter a certeza, e por um período de cinco, dez anos, do que queremos ser, pelo que queremos ser reconhecidos.

Somos um País de turismo, de beleza natural, de gastronomia, de história, de desportos ao ar livre. Pois sejamos. Somos um País de agricultura, não em massa, mas sim de produção específica e de alta qualidade. Pois sejamos. Somos um País com excelentes vinhos, com produções reduzidas, mas de alta qualidade. Pois sejamos. Somos um País de uma larga tradição de produção de têxteis e sapatos, já não concorrendo por mão-de-obra barata, mas sim com produção de alta qualidade para grandes marcas. Pois sejamos. Somos um País com uma grande facilidade de comunicação e de efectuar negócios com diversos países, cuja língua oficial é o português. Pois sejamos. Etc., etc., etc.

Mas então como passar esta imagem para o exterior de modo coerente, sistemático, e de fácil entendimento? Como se faz esta gestão? Quem faz esta gestão?

É um facto que existem tantos órgãos governamentais, agências, institutos, associações empresariais, e afins, que comunicam para o exterior, que interagem para o exterior, que não é fácil criar uma imagem una do que se deseja impor como factores distintivos de Portugal face aos outros. Não podemos ambicionar ser bons, os melhores, em tudo, pois arriscamo-nos a não ser bons em nada.

Não sei se Portugal necessita de um CMO, mas necessitará decerto de alguém, de uma organização, que compile e gira todos estes processos, encadeando-os, sistematizando-os, organizando-os, com uma agenda de cinco a dez anos. Alguém que junte e estude a estratégia, o marketing, e gira a comunicação desde os institutos e agências do Estado às associações privadas, de modo a que todos beneficiem do que tão bem se faz em Portugal, e de tudo o que Portugal tem de excelente para oferecer.

Assim, e como esta gestão de recursos, será um caminho para Portugal mostrar ao Mundo, e aos portugueses também, quem somos, o que fazemos bem, o que devemos fazer no futuro para sermos um País de sucesso.

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