Portugueses são os que mais de valorizam o “propósito” do trabalho na Europa
Em território europeu, é em Portugal onde mais se valoriza o “propósito” do trabalho que se desempenha diariamente. Contudo, 38% dos portugueses assume não se sentir concretizado nesse aspecto. As conclusões são do estudo European Work Voices 2022, realizado pela consultora de recursos humanos Kelly. Este inquérito foi realizado numa amostra de mais de 5600 indivíduos, de oito países diferentes e a trabalhar em 15 indústrias distintas. Em Portugal, a amostra foi de 1.530 trabalhadores.
Os resultados do estudo revelam que o propósito associado ao trabalho é um parâmetro crucial para os portugueses, encontrando-se acima da média global de valorização deste aspeto. À pergunta “Qual o grau de importância do propósito no trabalhado, numa escala de 1 a 10?”, os portugueses apresentaram uma média de resposta de 9.1, enquanto a média europeia se fixou nos 8.8. Por outro lado, é também possível perceber que Portugal se encontra muito abaixo da média global (71%) no que toca a encontrar este propósito. Dados mais preocupantes revelam que, nas idades compreendidas entre os 55 e os 64 anos, apenas cerca de metade dos colaboradores conseguem sentir algum propósito do seu trabalho.
“Valorização dos trabalhadores”, a “criação de oportunidades para trabalhar com outras equipas” e o “envolvimento em projetos fora da área de especialização” são as três principais medidas para um sentimento mais robusto de concretização laboral enunciadas pelos portugueses.
Os dados demonstram também que os trabalhadores nacionais são os mais optimistas no que toca ao futuro do trabalho. Relativamente às perspectivas de futuro, os inquiridos portugueses apresentam uma maior confiança na progressão da sua carreira do que a média global – numa escala de 1 a 10, a média portuguesa é de 6.3, contrastando com a média europeia de 5.9. Contudo, é em Portugal onde se encontra uma maior probabilidade de trocar de trabalho nos próximos doze meses – questionados sobre a probabilidade de mudar de emprego no próximo ano, a média nacional é de 6.2, superando a média europeia, de 6.0.
Um dos tópicos emergentes é o trabalho a partir de casa. Neste âmbito, 36% dos portugueses trabalha parcialmente em casa, sobretudo na faixa etária entre os 25 e os 34 anos e em regime de freelancer. Questionados sobre o impacto do teletrabalho nas suas vidas, os portugueses destacam, à semelhança dos outros países europeus, um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, relaxamento e felicidade e, por fim, maiores níveis de concentração e trabalho feito de forma eficaz.
Por fim, o estudo “European Work Voices 2022” avaliou ainda a discriminação no contexto laboral. Os dados demonstram que 55% dos inquiridos em Portugal já se viram confrontados com discriminação no local de trabalho, um valor acima da média global (52%). Entre as diferentes formas de discriminação, as mais comuns estão relacionadas com a idade e com o “status” laboral, havendo portugueses a assumir que «não foram considerados para um determinado cargo, dentro da mesma empresa, pelo cargo que desempenhavam na altura da candidatura».
No futuro, as pessoas que já passaram por algum tipo de discriminação no trabalho acreditam que seja possível combater este tipo de barreiras através de conversas mais honestas com as equipas, processos de recrutamento mais justos, maior aposta em culturas organizacionais com base na diversidade, equidade e inclusão, maior diversidade aos níveis de liderança e, ainda, a criação de grupos de colaboradores, liderados pelos próprios, de pessoas com experiências semelhantes.