Portugal sobe 3 lugares no índice de transição verde e já está acima da média europeia
Portugal subiu três posições e ocupa agora o 15.º lugar no Green Transition Index (GTI), acima da média europeia. Este índice, desenvolvido pela consultora Oliver Wyman, avalia o progresso em sustentabilidade e redução de emissões em 29 países. A melhoria de Portugal é notável nas categorias de edifícios, natureza e economia, destacando-se no uso de energias renováveis no aquecimento doméstico. No entanto, o país enfrenta desafios nas categorias de transportes e resíduos, onde continua a apresentar resultados negativos.
Portugal melhorou também na categoria de natureza, especialmente na agricultura biológica, e subiu posições na economia devido à redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o gasto público em I&D ambiental diminuiu, o que pode afetar o desempenho em termos de inovação. A categoria de resíduos continua a ser uma grande dificuldade, com resultados negativos em termos de resíduos per capita e taxa de circularidade.
Na indústria transformadora, Portugal não conseguiu avançar tanto quanto outros países, embora tenha feito progressos na redução das emissões. Nos transportes, a percentagem de carros de baixa emissão aumentou, mas ainda está abaixo da média europeia. Já na categoria de energia, o país manteve-se entre os 10 primeiros, destacando-se pelo uso de energias renováveis.
Em termos gerais, a Dinamarca lidera o índice, destacando-se pelos avanços em energias renováveis e tecnologias de descarbonização. A análise regional revela uma forte liderança da Escandinávia, seguida pela Europa Ocidental e pelos Estados Bálticos. A Europa continua a ser uma referência em sustentabilidade, mas enfrenta desafios para alcançar as metas de redução de emissões do Acordo de Paris até 2030.
Portugal destaca-se como líder na categoria Edifícios no Green Transition Index (GTI), juntamente com países como a Romênia e Letônia. Este reconhecimento deve-se ao seu notável desempenho no uso de energias renováveis e na eficiência energética em residências. Em particular, ocupa a primeira posição na utilização de energias renováveis para aquecimento doméstico, graças à implementação de biocombustíveis sólidos, como os resíduos de madeira.
Embora Portugal mantenha uma posição de destaque no consumo de eletricidade per capita, ocupando o 9º lugar no ranking, situa-se na 19ª posição em relação ao número de projetos de edifícios com certificações de sustentabilidade. Isto indica que, embora tenha avançado significativamente, ainda há oportunidades para melhorar na adoção de práticas de construção sustentável, consolidando-se como uma referência na transição para um futuro mais verde.
Portugal registou também uma variação positiva na categoria Natureza, subindo 11 posições. Esta evolução justifica-se pela melhoria no indicador de agricultura biológica, que subiu 12 posições, alcançando a 4.ª posição nesta área, com valores significativamente acima da média europeia no que diz respeito à agricultura biológica em relação ao total da área agrícola utilizada. Nos últimos anos, conforme reportado pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Portugal tem aumentado significativamente os prados e pastagens permanentes (agricultura biológica), solidificando assim esta aposta. Por outro lado, a melhoria do índice de exploração da água, no qual Portugal ocupa a 25ª posição, deve-se ao elevado consumo de água no setor agrícola, que representa 75% de toda a água utilizada, um dos percentuais mais altos da Europa.
Na categoria Economia, Portugal melhorou a sua posição na classificação do Green Transition Index (GTI), passando do 15º para o 13º lugar. Este avanço deve-se à significativa redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), tanto em termos absolutos quanto relativos, superando a média europeia. Além disso, o país conseguiu reduzir a intensidade das emissões de GEE por PIB, equiparando-se à média dos demais países europeus, embora ainda esteja longe dos líderes nesse âmbito.
“No entanto, é importante destacar que Portugal obteve uma diminuição da proporção do gasto público em investigação e desenvolvimento (I&D) com objetivos ambientais, o que reflete um desempenho inferior ao de outros países europeus. Apesar desse desafio, os avanços na redução de emissões e a melhoria de diversos indicadores económicos posicionam Portugal como referência na transição para uma economia mais sustentável”, conclui Joana Freixa, Principal da Oliver Wyman.
Contrariamente, na categoria Resíduos, Portugal encontra-se nas piores posições do ranking, com resultados negativos nos três indicadores: 25.ª posição em termos de resíduos gerados per capita (19% acima da média); 25.ª posição em termos de taxa de circularidade (muito abaixo dos países líderes, como os Países Baixos, Bélgica, França e Itália). Por fim, no que diz respeito aos resíduos depositados em aterros per capita, Portugal ocupa a 26.ª posição, com números significativamente superiores à média, enquanto os países líderes apresentam valores muito mais baixos. Estes resultados indicam que Portugal enfrenta grandes desafios na gestão de resíduos e na implementação de práticas sustentáveis nesse âmbito.
Na categoria Indústria Transformadora, Portugal desceu no ranking, uma vez que a sua melhoria nos indicadores não foi suficiente em comparação com o avanço de outros países. Embora tenha conseguido reduzir a intensidade das emissões em aproximadamente 30% e diminuído o consumo de energia por valor acrescentado em 18%, ainda está acima da média em ambos os aspetos. Além disso, o seu desempenho na intensidade de resíduos perigosos é superior à média, mas ainda está distante dos padrões dos países líderes. O desempenho nesta categoria depende em grande parte do mix industrial existente, o que afeta a sua posição no ranking.
Na categoria Transportes, Portugal mantém-se na metade inferior da classificação, com resultados abaixo da média. Embora tenha aumentado a percentagem de carros de baixa emissões, esse número ainda está abaixo da média do GTI e muito longe do país líder, Noruega. No entanto, Portugal apresenta resultados melhores que a média em termos de intensidade de emissões no transporte de passageiros, embora continue a ficar atrás no uso do transporte público.
Na categoria de Energia, Portugal caiu no ranking, mas permanece no top 10, destacando-se pelo uso de energias renováveis e biocombustíveis, que estão acima da média. O resultado de Portugal depende do peso das energias renováveis no mix de produção de eletricidade e da dimensão dos projetos em tecnologias de transição energética em relação ao PIB total.
Portugal melhorou em vários aspetos, ocupando o 8.º lugar no peso das energias renováveis e biocombustíveis na produção de eletricidade, o que está acima da média do GTI, embora ainda longe dos países líderes. Também ocupa o 8.º lugar no indicador de projetos de hidrogênio verde, embora fique atrás de países como a Dinamarca.
Situação na Europa: Dinamarca na liderança pelos seus avanços em sustentabilidade ambiental
Esta nova edição do Green Transition Index (GTI) da Oliver Wyman mostra um panorama mais heterogêneo no progresso dos países europeus em direção à sustentabilidade. A Dinamarca lidera o ranking, consolidando-se como o país mais avançado na transição verde graças ao seu forte desempenho no uso de energias renováveis e em tecnologias de descarbonização. Em particular, destaca-se pelas suas iniciativas pioneiras em projetos de hidrogênio verde e armazenamento de carbono.
“As diferenças no progresso em direção à sustentabilidade não refletem apenas o nível de recursos de um país, mas também a efetividade das suas políticas e a sua capacidade de inovação. A Dinamarca, que lidera o ranking, é um claro exemplo de como uma abordagem estratégica e o impulso de tecnologias limpas podem acelerar a transição”, aponta Sofia Marques Cruz, Associate da Oliver Wyman.
Ao analisar os resultados do índice sob uma perspetiva regional, observamos diferenças importantes no grau de avanço dos países europeus. Os países escandinavos continuam a mostrar uma forte liderança, seguidos pela Europa Ocidental, os Estados Bálticos, a Europa Oriental e a Europa Meridional. Nesse contexto, observam-se diferenças significativas no progresso em direção à sustentabilidade entre as regiões europeias e, em muitos casos, dentro delas. A Escandinávia continua a liderar nas categorias de economia e transportes, enquanto a Europa Ocidental se destaca na indústria transformadora e resíduos.
Embora a Europa continue a ser uma referência global em sustentabilidade, enfrenta grandes desafios para cumprir os objetivos do Acordo de Paris.
A UE está a seis pontos percentuais de alcançar a sua meta de redução das emissões em 55% até 2030, o que exige um esforço adicional para acelerar a transição energética. A implementação de políticas públicas mais contundentes, juntamente com uma mudança no comportamento de consumidores e indústrias, será fundamental para consolidar economias e sociedades mais sustentáveis. Essa abordagem não apenas ajudará a cumprir os compromissos climáticos, mas também fortalecerá a liderança da Europa na transição verde a nível global.