Porto também quer ser um destino tecnológico
Pela primeira vez, a final mundial do International Collegiate Programming Contest (ICPC) tem lugar no Porto. Neste momento, e até 5 de Abril, mais de 400 estudantes de 47 nacionalidades estão na Invicta para competir naquele que é considerado o maior evento do planeta na área da programação a nível universitário.
Fernando Silva, vice-reitor da Universidade do Porto e director da iniciativa, explica à Marketeer que a escolha do Porto é o resultado de muitos anos de preparação. A primeira candidatura formal para acolher uma final aconteceu em 2014 mas só agora o desejo foi concretizado, transformando o Porto na capital da programação durante alguns dias.
E o que ganha a cidade com este evento? Fernando Silva adianta que está previsto um impacto directo de 2,5 milhões de euros na economia portuguesa. Além disso, «a competição potenciará a percepção de Portugal e região Norte, mais especificamente a cidade do Porto, como um destino que está alinhado com novas tecnologias, processos inovadores e como centro de conhecimento avançado, com a capacidade de difundir conhecimento sinergicamente entre academia e empresas». Em traços gerais, a final do ICPC deverá contribuir para que o Porto seja cada vez mas um destino de inovação e tecnologia – e não somente turístico.
Para a Universidade do Porto em concreto, Fernando Silva aponta como principais benefícios o prestígio académico e a notoriedade internacional decorrentes da organização do evento. É também uma oportunidade de estreitar relações com instituições de ensino de todo o mundo: cerca de 1500 pessoas estão a participar na final do ICPC, entre estudantes, professores, mentores e engenheiros.
«Considerando este público altamente qualificado, o ICPC 2019 afigura-se também como um meio de atracção de talento numa área, a programação informática, onde existe um défice generalizado de recursos humanos», conta o director da final. Isto porque o evento funciona também como uma rampa de lançamento para jovens talentos: tal como acontece noutras finais, é expectável que programadores participantes sejam abordados por empresas que passem pelo ICPC. Segundo Fernando Silva, estudantes das melhores equipas nas fases regionais estão, hoje, na Google, Amazon ou Facebook.
Para os programadores portugueses esta poderá ser uma oportunidade especialmente relevante, uma vez que é a primeira vez que uma equipa portuguesa – neste caso, constituída por alunos da Universidade do Porto – chega à final mundial do evento. Competem com outras 134 equipas.
«A área das Tecnologias de Informação, em particular as que envolvem competências em algoritmos, estão hoje na base de áreas muito relevantes para as empresas, nomeadamente em Inteligência Artificial, Ciência de Dados (data science) e Cibersegurança. A procura de especialistas é, felizmente, muito grande, sendo, por isso, evidente a necessidade de incrementar a formação dada pelas instituições de ensino superior. Este ponto é particularmente importante considerando a procura face à oferta disponível de recursos especializados», comenta ainda Fernando Silva.
A final da ICPC 2019 é organizada pela Universidade do Porto e conta com o apoio da Câmara Municipal do Porto, Turismo de Portugal e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
Texto de Filipa Almeida