Porto Editora reage a polémica sobre livros para meninas e meninos (actualizada)

Nas redes sociais, começaram a circular imagens de uma colecção de livros de actividades para crianças da Porto Editora. Na legenda das imagens, os utilizadores comentavam como os livros distinguiam as actividades para meninas e para meninos, apresentando inclusivamente cores diferentes (cor-de-rosa para rapariga e azul para rapaz).

Além da questão das cores, as imagens mostravam exercícios que pareciam mais complexos para os meninos e outros mais simples de solucionar para as raparigas. Depressa se multiplicaram as partilhas, comentários e reacções da publicação, condenando a Porto Editora e acusando-a de discriminação.

A editora já respondeu à polémica e garante, na sua página de Facebook, que não existe discriminação ou preconceito nas suas edições. Diz a empresa que os livros de actividades, publicados em Julho do ano passado, têm como objectivo desenvolver competências essenciais em idade pré-escolar e que “foram concebidas com cuidado editorial e pedagógico, apresentando um trabalho gráfico apelativo que procura envolver e motivar os mais novos a adquirir e consolidar as aprendizagens”.

A Porto Editora assegura também que ambas as versões trabalham as mesmas competências e que oferecem exercícios semelhantes: “A diferença está na ilustração e na abordagem artística que as diferentes ilustradoras fizeram.”

Para provar que assim é, a Porto Editora decidiu partilhar novas fotografias dos livros de actividades, mostrando que existem exercícios que parecem mais complexos na versão para raparigas e outros na versão para rapazes.

“Compreendemos a preocupação que estará na origem desta polémica, pois também nós, na Porto Editora, nos identificamos com os valores da igualdade e da diversidade”, refere ainda a editora, acrescentando que também disponibiliza edições similares com abordagens por idade e tema, por exemplo.

As justificações, porém, parecem não ter surtido efeito no público. Se, por um lado, as novas imagens de exercícios podem ter tranquilizado quem acusava a Porto Editora de simplificar as actividades para meninas, por outro, a separação por cores e por género mantém-se alvo de críticas.

Entretanto,  a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género aconselhou a Porto Editora a retirar os livros em questão das prateleiras das lojas. Em comunicado reportado pelo Público, a comissão indica que a recomendação é feita por orientação do ministro adjunto, deixando claro o apoio do Governo.

De acordo com o mesmo documento, a Porto Editora “acentua os estereótipos de género que estão na base de desigualdades profundas dos papéis sociais das mulheres e dos homens” ao “optar por lançar duas publicações com actividades que diferenciam cores, temas e grau de dificuldade para rapazes e raparigas”.

A Porto Editora respondeu à recomendação e afirma que vai suspender as vendas dos livros, informando os pontos de venda de que devem fazer o mesmo. A empresa avança, ainda, que irá trabalhar com a comissão “no sentido de rever os exercícios que possam ser considerados discriminatórios ou desadequados”.


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