Porque é que grandes marcas como a Zara, Primark ou H&M estão a abrir cafés?
É um novo conceito que vindo a espalhar-se entre as grandes marcas de retalho. Seguindo a estratégia da H&M, Uniqlo ou Primark, a dona da Zara decidiu abrir há poucos dias o Zacaffé na nova loja Zara Man em Hermosilla, em Madrid. E não se ficará pela loja de Madrid. Em 2025 deverá estender-se a Tóquio e Seul.
Mas com que objetivo?
A ideia passa por valorizar as suas lojas através de uma experiência mais ampla, convertendo gradualmente a Zara numa marca mais premium, melhorando a sua imagem e atraindo os clientes para se manterem mais tempo nas suas lojas e, consequentemente, acabem por comprar mais.
Ao jornal Expansión, Luis Denia, parceiro do BCG especializado em moda e luxo, explica que “a Inditex procura dar continuidade a uma estratégia que vem sendo desenvolvida desde que Marta Ortega é presidente e que consiste em fazer da Zara uma marca mais aspiracional”
“Está em linha com o plano de crescer sem mais lojas e ser mais premium, o que levou a aumentar os preços das suas peças de vestuário”, acrescenta.
Denia acredita que “não serão três, mas também não veremos uma cafetaria em cada Zara”, o normal será antes “que vão introduzindo o conceito aos poucos nas suas flagships, porque a Inditex não dá passos em falso”.
A estratégia que o grupo está a realizar estende-se a tudo, “inclusive à diversidade, com uma componente cada vez mais de design e qualidade em mais peças de roupa”, salienta o especialista do BCG.
Já Carlos Sánchez Altable, sócio da McKinsey especializado em empresas de consumo, explica que “a relação entre hotelaria e retalho procura gerar negócios, mas tem cada vez mais a ver com a manutenção de tráfego, bem como com a premiumização da experiência do cliente”.
“Quando se trata de uma questão de imagem e branding, este tipo de as propostas são reduzidas a alguns flagships. Funciona muito melhor se for mais longe e houver um ajuste claro entre a experiência e o produto, e também pode ser dimensionado”, conclui Carlos Sánchez Altable.
Os dois especialistas concordam que este tipo de experiências deverá expandir-se aos poucos. “As lojas são ativos muito poderosos e criar estas experiências é uma forma de lhes acrescentar valor”, conclui Denia.