Paulo Portas: «Só se ultrapassa uma fractura social como o desemprego com investimento»

va-redimensionadaAs obras de construção da fábrica do Grupo Vista Alegre Atlantis (VAA), que irá produzir, a partir de Ílhavo, loiça de mesa de grés para a multinacional sueca IKEA, arrancam este mês, e deverão estar concluídas no primeiro trimestre de 2014. O projecto, designado Ria Stone, resulta de um investimento de 19,5 milhões de euros e irá permitir a produção de 30 milhões de peças por ano.

O contrato entre a VAA e a IKEA foi ontem assinado nas instalações da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, em Lisboa. O projecto deverá resultar na criação de 144 postos de trabalho na região de Aveiro.

A VAA foi a empresa escolhida no concurso internacional da IKEA, que foi desde o início acompanhado pela AICEP. «Houve dois aspectos essenciais que pesaram nesta escolha. Por um lado foi a tradição e o know-how da empresa ao nível da cerâmica. Por outro lado, o facto de termos desenvolvido uma tecnologia para a produção de grés – a monocozedura – que vai permitir um decréscimo dos custos de produção», explicou Paulo Varela, presidente do Grupo Visabeira, durante a cerimónia.

Apesar de o projecto Ria Stone nascer com o objectivo de fornecer a IKEA, o Grupo Visabeira não descarta a possibilidade de, no futuro, vir a fornecer terceiros, desde que «dentro das condições contratualmente acordadas» com a cadeia sueca. «A esmagadora maioria da produção será para o Grupo IKEA, mas este projecto que [ontem] assinámos traduz apenas a primeira fase. Não só a fábrica pode vir a ser alvo de expansão, caso o mercado assim o justifique, como é também possível que uma parte da produção não venha a ser absorvida pela IKEA», adiantou Paulo Varela.

Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia e do Emprego, afirmou na cerimónia que «este projecto [Ria Stone] demonstra muito claramente que a aposta na reindustrialização tem de durar. É o que nos vai ajudar a voltar à criação de emprego». O ministro defendeu que a captação de novos investimentos estrangeiros está dependente de uma «guerra sem tréguas» à burocracia e da criação de incentivos fiscais.

No mesmo tom, Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, defendeu que o investimento da IKEA em Portugal representa «um sinal de confiança no nosso país e nos nossos instrumentos de competitividade». «Só se ultrapassa uma fractura social tão grande como o desemprego com investimento», reiterou.

Ambição além-fronteiras

Do total da produção na unidade de Ílhavo, entre 85 e 90% terá como destino países do Sul da Europa, como Portugal, Espanha, França, Itália ou Turquia. O projecto insere-se, pois, na estratégia de expansão internacional que a Visabeira delineou para a VAA. «Quando comprámos a Vista Alegre apenas 1/3 da produção tinha como destino o mercado externo. Tendo em consideração o decréscimo do consumo e do poder de compra em Portugal era evidente para nós que a estabilidade e o crescimento da empresa teriam de passar pela exportação», declarou Paulo Varela.

Desde então, a VAA abriu lojas em mercados como Brasil, EUA, Angola, Moçambique, Turquia, Bielorrusia e Espanha. «Alargámos o nosso perímetro internacional, o que se traduziu numa inversão completa da situação de há três anos. Em 2012, exportámos cerca de 2/3 da produção», revela, estimando que nos próximos anos cerca de 80 a 90% da produção terá como destino o mercado externo.

Texto de Daniel Almeida

Imagem de José Alfredo

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