Pandemia não pára futebol: ligas nacionais geraram 750 milhões de euros em 2020

Mesmo em tempo de pandemia, e sem público nos estádios, o futebol continua a ser um negócio de grandes números. A 4.ª edição do Anuário do Futebol, elaborado pela EY, mostra que a Liga Portugal e as Sociedades Desportivas da Liga Nos e da LigaPro geraram 750 milhões de euros em volume de negócios, na época 2019-20. Este valor traduziu-se numa contribuição de cerca de 494 milhões para o PIB português.

A mesma análise revela ainda que as organizações consideradas foram responsáveis directamente por mais de 3.160 postos de trabalho, o que representa um aumento de 20,7% na empregabilidade da indústria em relação à época anterior.

“Esta é uma indústria que, mesmo a enfrentar uma crise mundial, conseguiu reinventar-se e continuar a contribuir”, indica a EY. A Liga Nos, em concreto, contribuiu com aproximadamente 128 milhões de euros, equivalente a 89% do impacto fiscal total estimado. A LigaPro e a Liga Portugal, com cerca de 15 milhões de euros, tiveram um peso de 9% e 2% nas contribuições fiscais, respectivamente.

Segundo o anuário, as receitas da Liga Portugal atingiram os 18 milhões de euros, registando um resultado líquido positivo pelo quinto ano consecutivo (1,1 milhões de euros).

No geral, “analisando o impacto nas receitas agregadas das Sociedades Desportivas, verifica-se que as receitas decresceram 11%, em comparação com a época passada, quando se previam quebras entre os 15-37%”, revela ainda a consultora.

Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, não tem dúvidas de que «os decréscimos existentes em alguns números estão directamente relacionados com a pandemia da Covid-19». Ainda assim, as entidades responsáveis pelo futebol profissional decidiram resistir e «contra todos seguir em frente e terminar temporada».

O responsável sublinha ainda o facto de o impacto ter sido menor do que seria esperado, contribuindo para que 142 milhões de euros fossem pagos ao Estado. «O que revela, uma vez mais, a importância desta indústria que deve começar a ser encarada com outros olhos do ponto de vista económico», afirma em comunicado.

Miguel Farinha, partner e líder de Transaction Advisory Services da EY, acrescenta que, tal como previsto, houve uma quebra das receitas de bilheteira, que veio a impactar significativamente os três primeiros classificados, «onde se continua a verificar uma forte concentração das receitas». Neste cenário, a redução das receitas de bilhética e de transferências «evidenciaram a importância das receitas audiovisuais», com a centralização dos direitos audiovisuais a assumir particular destaque.

Artigos relacionados