Pandemia enquanto aceleradora da digitalização das empresas

Por David Ferreira da Silva, responsável da Bolt em Portugal

Parecia impossível que o mundo pudesse mudar de forma tão radical em apenas alguns meses. Contudo, 2020 veio mostrar-nos exactamente o contrário, ao trazer uma pandemia que chegou de forma rápida e sem avisar, obrigando-nos a mudar por completo o estilo de vida como o conhecíamos até então. Uma mudança sem precedentes e que não deixou nada igual, seja a forma como nos relacionamos, trabalhamos, compramos ou movemos.

Em tempos totalmente atípicos, assistimos a uma pandemia que chegou e afectou todos os sectores e empresas, independentemente da sua dimensão ou estrutura. Em momento algum a capacidade de sobrevivência das empresas esteve tão dependente da sua rápida capacidade de reagir e de se reinventar para acompanhar as mudanças inesperadas do mercado.

A pandemia mostrou-nos que ter presença digital deixou de ser uma opção para as empresas. Com um longo período de confinamento que parece não ter ainda um fim à vista, ruas vazias, estabelecimentos encerrados e janelas abertas que levam esperança dentro de sacos, a vida nas cidades passou a acontecer no interior da casa de cada um e as empresas tiveram de mudar de igual forma. Criatividade, estratégia e resiliência são palavras de ordem para que as empresas consigam chegar aos seus consumidores de forma eficaz e responder às suas necessidades de consumo em cada momento.

Assistimos à aceleração da entrada das empresas em novas áreas de negócio, a mudanças estruturais ao nível da oferta dos seus serviços, a sinergias entre empresas internacionais e comércios locais, entre tantas outras dinâmicas de mercado, cruciais
para enfrentar esta nova realidade e chegar ao final da maior pandemia do século com maior imunidade a novas oscilações e desafios impostos pelo mercado.

Se antes de pandemia, enviar encomendas para casa era território dominante dos ecommerces, ou pedir um take-away era sinónimo de comer uma pizza ou um all you can eat de sushi, começamos um novo ano com uma perspectiva totalmente diferente deste tipo de serviços. É notório que estão a nascer novas experiências de consumo e com elas novas áreas e oportunidades de negócio. E para dar resposta a esta constante mudança, as empresas têm também de continuar a reinventar-se a grande velocidade, onde a margem para falhar é cada vez menor.

2020 foi um ano em que as empresas tiveram de se reinventar. Algumas empresas focaram a sua atenção em reduzir custos. Na Bolt, por sua vez, procurámos olhar para áreas onde pudéssemos aplicar o conhecimento e experiência que já tínhamos dentro
da empresa. Com uma significativa parte da população fechada em casa, o “ride-hailing” sofreu uma quebra enorme na sua procura, sendo notório, por outro lado, o crescimento significativo do serviço de entregas em casa. Por isso, fez todo o sentido anteciparmos o lançamento de serviços como o Business Delivery Service ou a Bolt Food em Portugal, para fazermos face a esta situação e ajustarmos a nossa oferta às necessidades dos portugueses em cada momento, cumprindo a nossa missão de facilitar o dia-a-dia e ajudar a melhorar a qualidade de vida. A aproximação que já existe actualmente entre os consumidores e as plataformas digitais é um ponto muito positivo e que constitui também uma grande janela de oportunidade para que possam maximizar as suas potencialidades nestes canais de forma muito mais rápida e efectiva. De facto, nunca a tecnologia esteve tão a favor da comunidade e, nesse sentido, para chegar aos clientes é preciso conhecê-los cada vez melhor, saber onde estão e para onde querem ir, continuando a investir sempre na criação de novas soluções, sejam elas de mobilidade, entregas ou outras, que simplifiquem as suas rotinas e que lhes permitam ter mais qualidade de vida.

É inegável que o mundo está a mudar muito rapidamente. Se até há relativamente pouco tempo, comprar casa ou ter carro próprio era sinónimo de “estar bem na vida”, hoje percebemos que o conceito de propriedade começa a dar lugar a uma nova filosofia de vida em que “menos é mais”, deixando mais espaço para que a felicidade entre e se instale na vida de cada um.

É verdade que o conceito de “emprestar” ou “partilhar” não é novo, contudo esta tendência parece ter ganho muito mais força nos últimos anos e acredito que continuará a fazer parte do nosso futuro enquanto sociedade. Actualmente, nas grandes cidades, essencialmente, já não é necessário ter um carro pessoal para que seja possível deslocar-se com segurança, comodidade e rapidez. Todos os serviços de mobilidade disponíveis, sejam os transportes públicos, o ride-hailing ou a micromobilidade, com as trotinetes e bicicletas eléctricas, já permitem que tal aconteça. E a tendência é que esta realidade se fortifique e alcance todas as áreas urbanas num futuro muito próximo.

É certo que esta pandemia nos está a obrigar a percorrer um caminho sinuoso, ainda sem certezas sobre quais as decisões que nos levarão a bom porto no futuro. Todavia, sabemos que este é um caminho que terá de se percorrer em conjunto, sendo o digital o principal veículo.

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