Os três C’s da rentabilização das marcas no digital

Por Inês Mota – CEO/directora Criativa da High Creative Studio

É certo que vivemos tempos extraordinários, numa era que requer agilidade e flexibilidade extra do lado das marcas e das empresas. É, igualmente, uma verdade dogmática a de que não conseguimos prever, especialmente neste momento, quais as próximas tendências vencedoras na web 4.0. Contudo, em 2020, urge, mais do que nunca, colocar-nos do lado do consumidor: temos de pensar em tudo o que este teve de aprender durante o confinamento, ou o aperfeiçoamento de skills digitais que teve de desenvolver.

Assim, conseguimos denotar, se analisarmos os dados ainda recentes, que o ano da pandemia eleva-se como o ex-libris das soluções omnicanais, desde o digital, passando pelas tendências click and collect no retalho, até à entrega hiperlocal – como o crescimento de quase 300% das plataformas Uber Eats e Glovo comprovam. Mas, quais os próximos capítulos da história? Divida-se o livro em três partes: Cultura do consumidor, Cultura digital e Cultura de sustentabilidade.

No primeiro acto, a Cultura do consumidor, que não é mais do que oferecer uma experiência suave ao longo de todos os canais de venda, que devem ser consistentes, homogéneos e, pensando no aumento das compras online e nas carteiras mais reduzidas, transparentes no que aos custos diz respeito. De valorizar, igualmente, o apoio ao cliente, que agora é, acima de tudo, digital e não descurar os portes de envio – se possível, oferecendo-os a custo zero.

O que nos remete para o segundo acto, a Cultura digital: o investimento na automação e em novas tecnologias. Porém, num país marcado por PME’s, cuja digitalização ainda tem longos caminhos por trilhar, é importante educar as marcas, as empresas familiares e as microempresas que o início não era o verbo: era o site.

Ao vender uma casa, a mesma tem de estar limpa e apetecível. Ora, a mesma lógica aplica-se aos produtos: o que costumo transmitir aos meus clientes é precisamente a ideia da coerência visual e de uma aposta contínua em canais organizados, simples, mas sobretudo acessíveis. Sabemos que, para muitos empresários, este é um esforço hercúleo e que não dará lucros imediatos, mas se pensarmos num horizonte temporal de seis meses vamos plantando colheitas para mais tarde colher os lucros.

A reputação é o terceiro acto, ou, antes, a Cultura da sustentabilidade. Uma tendência já constante no pré-pandemia, mas que, por tudo o que passamos, sai agora reforçada. Também com olhos no consumidor, temos de imprimir uma vontade de dar de volta à comunidade, seja através de fundações, acções de responsabilidade social corporativa, ou até de cuidado especial com os materiais utilizados. Os consumidores são mais propensos a consumir marcas que não sejam estanques com a sociedade e que apoiem a população local nos momentos mais difíceis.

E, sim, este é um momento difícil, mas se tivermos em conta, nos nossos planos de acção, todos ou alguns destes eixos, estou certa de que podemos contribuir um pouco mais para o sucesso daqueles que representamos.

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