«Os portugueses mostram uma vontade de experimentar meios de pagamentos digitais»

Quando se fala de fintechs e bancos digitais em Portugal, não falham nomes como Revolut, N26 ou Moey! e, desde o ano passado, também a Lydia faz parte deste rol. De origem francesa, a Lydia apresenta-se como uma aplicação móvel de pagamentos que permite gerir e transferir dinheiro sem comissões e criar contas partilhadas com amigos.

Recentemente, passou também a permitir o acesso a todas as contas de diferentes bancos, incluindo contas à ordem, contas poupança e cartão refeição, a partir do mesmo local. O objectivo é facilitar as finanças pessoais dos utilizadores através de uma plataforma que pretende ser intuitiva e útil no dia-a-dia, oferecendo também uma visão geral sobre os gastos e ganhos.

«O que nos distingue é sem dúvida a user experience que proporcionamos aos utilizadores», aponta Carlota Meirelles, responsável pela Lydia em Portugal. Em entrevista à Marketeer, explica que outra característica diferenciadora será a parceria com marcas de outras áreas de negócio, como a aplicação de mobilidade Bolt, o marketplace Mercadão ou os restaurantes Aruki e Chikinho.

Segundo Carlota Meirelles, a aposta nas colaborações permite oferecer novos benefícios a quem já utiliza a Lydia, mas também chegar a novas pessoas e incentivar os pagamentos com o telemóvel. «Numa altura em que o contacto com os nossos utilizadores é mais desafiante devido à pandemia, o resultado destas parcerias foi bastante positivo», conta.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

Em que categoria é que a Lydia se posiciona? É um banco? Uma aplicação de gestão de dinheiro?

Com quase cinco milhões de utilizadores, a Lydia nasceu com um objectivo: dar a possibilidade de fazer pagamentos com facilidade, rapidez e segurança através de pagamentos mobile.

Actualmente, posiciona-se como uma aplicação de pagamentos móveis. É uma alternativa aos bancos tradicionais, permitindo receber, pagar e gerir todo o dinheiro numa só aplicação.

Como é que a Lydia se distingue de opções como Revout ou MB Way?

O que nos distingue é sem dúvida a user experience que proporcionamos aos utilizadores. É possível pagar com Lydia em qualquer lugar, através de contactless (com o telemóvel ou cartão físico), efectuar pagamentos e compras online, transferir dinheiro entre utilizadores, sempre de uma forma segura. Não somos apenas uma aplicação de pagamentos: oferecemos um conjunto de funcionalidades que permite aos utilizadores uma gestão do seu dinheiro em todas as vertentes.

E porquê usar a Lydia em vez de uma solução de homebanking, por exemplo?

A Lydia oferece muitas funcionalidades diferentes do homebanking tradicional. Aliás, lançámos recentemente uma feature inovadora em Portugal que permite integrar todas as contas bancárias na aplicação para que o utilizador consiga gerir todo o seu dinheiro de uma forma simples e eficaz.

O nosso foco é sem dúvida o dia-a-dia do consumidor e facilitar todo o processo de pagamentos. Em cada transacção efectuada, é enviada uma notificação instantânea para que o acompanhamento e controlo seja em tempo real; é possível levantar dinheiro e fazer compras no estrangeiro sem qualquer custo e realizar transferências nacionais e internacionais gratuitamente e instantaneamente. Além disso, as características do cartão Lydia fazem com que seja aceite em todo o lado e a ausência de quaisquer taxas permite ter um cartão local português que pode ser usado em qualquer lugar, incluindo em moeda estrangeira ou em sites não europeus.

A Lydia oferece uma experiência de pagamentos diferente de qualquer aplicação existente no mercado, dando ao utilizador todas as funcionalidades de pagamentos na aplicação.

Quantos utilizadores têm em Portugal actualmente? Quantos são subscritores do plano gratuito e quantos do plano pago?

O foco da Lydia não é analisar o número de utilizadores. Analisamos a utilização efectiva da aplicação e o número de transacções efectuadas. O plano Lydia Blue é o preferido no mercado português: permite transferências ilimitadas, levantamentos e pagamentos gratuitos em qualquer país dentro e fora da União Europeia, criar contas partilhadas, mealheiros e cartões virtuais, pagar online com toda a segurança e agregar todas as contas bancárias na aplicação para uma gestão mais eficiente. Este plano tem o custo de 4,90 euros mensais, no entanto, é gratuito para utilizadores com menos de 25 anos.

Têm estabelecido parcerias com outras marcas. Quais os resultados?

Temos feito parcerias com diferentes marcas, desde a plataforma de mobilidade Bolt, ao marketplace online Mercadão, os restaurantes Aruki e Chikinho, em que oferecemos descontos em viagens ou cashback ao realizar transacções nos nossos parceiros. Estas parcerias trouxeram benefícios aos utilizadores da Lydia, mas também desempenharam um papel importante para chegar a novos utilizadores e incentivarmos pagamentos com o telemóvel. Numa altura em que o contacto com os nossos utilizadores é mais desafiante devido à pandemia, o resultado destas parcerias foi bastante positivo.

Estão previstas novas parcerias?

Temos algumas parcerias previstas até ao final do ano que vão acompanhar a estratégia da marca. O objectivo é alargar o número de utilizadores ao mesmo tempo que posicionamos a Lydia como a aplicação mais completa de pagamentos mobile do mercado.

Quais são as previsões de crescimento?

A nossa previsão é chegar aos 8 milhões de utilizadores até ao final do ano e ainda iniciar presença em novos mercados como Espanha e Bélgica.

Com a pandemia, notaram uma maior procura?

A Lydia lançou-se oficialmente em Portugal durante a pandemia, pelo que ainda não conseguimos fazer essa comparação neste mercado. De qualquer forma, a pandemia trouxe uma mudança de comportamento: os consumidores são desencorajados a usar ou trocar dinheiro vivo nas transacções e, cada vez mais, as soluções de pagamento online são a alternativa escolhida.

Nesse sentido, a Lydia é, sem dúvida, uma aliada e mais-valia para os seus utilizadores pela sua simplicidade e segurança, sendo que o feedback e crescimento tem sido bastante positivo.

E que mudanças notam no comportamento dos utilizadores?

Os pagamentos contactless nos restantes países europeus já são uma prática comum e em Portugal ainda representam uma percentagem pequena do total de transacções. Como tal, um dos nossos objectivos é instaurar e aumentar esta prática no País devido à sua praticidade, comodidade e eficácia.

A Lydia está presente em quantos países? Que avaliação fazem dos resultados obtidos em Portugal até agora?

A Lydia foi fundada em França em 2013 e foi um sucesso imediato. Hoje em dia, é considerada uma love brand ao lado de outras marcas gigantes internacionais. Portugal foi o primeiro país escolhido para expansão europeia e, mesmo começando numa altura desafiante como a pandemia, os nossos objectivos foram alcançados. O aumento progressivo do número de utilizadores e transacções diz-nos que os portugueses mostram uma vontade de experimentar meios de pagamentos digitais e plataformas inovadoras como a Lydia.

Texto de Filipa Almeida

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