«Os NTF são o projecto bandeira da FNAC na descoberta e promoção de artistas nacionais»
Com o objectivo de dar palco ao talento nacional e de imortalizar a autenticidade e originalidade das obras dos futuros vencedores, pela primeira vez, a Fnac irá transformar as obras vencedoras do concurso Novos Talentos Fnac em activos digitais, através de NFT’s que poderão ser transaccionados em criptomoedas. Este é o culminar de 20 anos do programa Novos Talentos Fnac que se comemora este ano.
As inscrições para o concurso de 2022, nas mais diversas áreas – música, escrita, fotografia, cinema, ilustração e videojogos –, encontram-se abertas até 4 de Abril 2022.
Para fazer um balanço sobre os 20 anos de concurso e saber as novidades reservadas para este ano, estivemos à conversa com Inês Condeço, directora de Marketing da Fnac Portugal.
Quais as grandes diferenças entre aquilo que o concurso é agora e a forma como foi concebido há 20 anos?
Este concurso começou por ter a sua origem na música. Uns anos mais tarde alargámos à fotografia, tendo tido algumas edições de escrita e de cinema. As dinâmicas das categorias eram distintas e em momentos diferentes do ano. Tal como acontece actualmente, sempre houve júris diferentes e de renome, sendo o Henrique Amaro o “pai” deste concurso. O Henrique Amaro começou, em 2001, com um papel de curador de Novos Talentos e mais tarde assumiu a presidência do júri, cargo que mantém até hoje. A categoria Fotografia arrancou de seguida e teve, desde sempre, uma enorme receptividade com a submissão de milhares de candidaturas e books em formato físico.
Só em 2018, nos 20 anos da FNAC, agregámos o concurso para cumprir um regulamento único e datas comuns. Nessa altura, relançámos o concurso com quatro categorias da Cultura: música, escrita, cinema e fotografia. Em 2019, adicionámos ilustração e, em 2020, videojogos, sendo neste momento seis categorias. Adicionalmente, desde há três anos que esta plataforma é totalmente digital e de fácil acesso a todos. Além disso, nos últimos anos, reforçámos os prémios com parceiros de referência em cada área e também com um prémio monetário oferecido pela Repsol, parceira deste projecto.
Quantos vencedores já tiveram ao longo destes 20 anos?
Como referido, o concurso surge de um culminar de várias iniciativas de diferentes categorias que a FNAC promoveu ao longo dos anos, que têm vindo a crescer e a ganhar uma dimensão cada vez maior. Nos últimos anos, registámos recordes de inscrições, fruto da nossa aposta em aumentar o número de categorias a concurso, de forma a chegar a um maior público de jovens talentos.
Em 2018, demos o pontapé de saída para o concurso nos moldes como o conhecemos hoje tendo contabilizado um total de mais de 11 mil inscrições desde então até ao dia de hoje. Neste momento, os NTF são o projecto bandeira da FNAC enquanto aposta na descoberta e promoção de artistas nacionais promissores nas áreas do cinema, escrita, música, fotografia, ilustração e videojogos.
De que forma tem a FNAC acompanhado o percurso desses vencedores?
No ano em que são vencedores, as músicas e os contos são publicados em CD e no Livro Novos Talentos, são promovidos showcases de Novos Talentos nos Fóruns e convidamos vários artistas para fazerem parte do FNAC Live. Além disso, fazemos exposições de fotografia e exibições das curtas nos Fóruns, utilizamos os ilustradores como artistas dos nossos sacos de papel e promovemos o jogo vencedor na nossa comunidade gamer. Ao longo dos anos, vamos mantendo o contacto com os Novos Talentos e apoiamos esta comunidade na promoção da sua carreira. De uma forma geral, podemos assegurar que todos os vencedores que por aqui passaram continuaram o seu percurso nas suas categorias. Há alguns exemplos activos que temos acompanhado até ao dia de hoje:
Larissa Lewandoski, vencedora da edição 2021 na categoria cinema, realizou e produziu o nosso spot de campanha dos Novos Talentos FNAC 2022
Maria Pereira Sécio, vencedora da edição 2020 na categoria fotografia, participou em duas residências artísticas, uma no Japão chamada Studio Kura e outra na Grécia, Tryfon Arts Residency. Viu também publicado na primeira edição de Youthies Magazine, uma revista de fotografia em Milão, o seu projecto realizado no Japão – ‘To Clean a Man’s blood’. Sécio também tem participado em várias exposições e, mais recentemente, também publica na Time In de Portugal.
Hugo Henriques, vencedor da edição 2021 na categoria ilustração, e as Menções Honrosas, Margarida Lemos e Pedro Gomes, fazem parte das ilustrações dos nossos sacos de papel FNAC 2022.
Porque é que sentiram necessidade de avançar para um rebranding?
Este ano fazemos 20 anos de Novos Talentos e sentimos que o concurso merecia um investimento, quer para chegar a novos públicos, quer para se posicionar como uma plataforma de referência na visibilidade de artistas de todas as áreas da Cultura.
Quando começou a ser trabalhado e porquê a escolha da Judas?
A Judas já trabalha com a FNAC noutros projectos e é a nossa agência criativa. Temos com a Judas um óptimo entendimento do que é a marca nas várias áreas de actuação, pelo que foi uma decisão fácil e estamos muito contentes com o resultado.
Porque é que vos faz sentido transformar as obras dos futuros vencedores em NFTs?
Na verdade, não vamos transformar as obras em NFTs, mas sim criar coleccionáveis que remetam para os vencedores e as suas obras, ou seja, não são as obras propriamente ditas. É na verdade uma forma muito inovadora de apoiar os Novos Talentos, pois estes NFTs serão leiloados e as receitas vão reverter a 100% para os artistas vencedores. Acreditamos que os NFTs podem ser uma nova forma de criar uma cultura sustentável e financiar a criação de arte, reduzindo os intermediários e os obstáculos inerentes à construção duma identidade artística. Sabemos que as regras deste novo mercado ainda estão a ser criadas e existe muito desconhecimento de todas as partes, pelo que acreditamos ter aqui um papel pedagógico com esta iniciativa, apoiando artistas e facilitando o acesso a potenciais investidores. Escolhemos um parceiro tecnológico para esta iniciativa que é a Mintbase.io, uma start-up americana, que está sediada em Lisboa, e que trabalha sobre a Blockchain Near com uma política neutra do ponto de vista ambiental.
Texto de Maria João Lima