Opinião de Anabela Silva (bp Europa): Neurodiversidade: uma vantagem competitiva por descobrir
Por Anabela Silva, Marketing Communication Specialist da bp Europe
O poder de pensar de forma diferente é uma oportunidade ímpar para atingirmos as nossas ambições de forma extraordinária. “Mas porque não trabalhamos todos da mesma forma? Não estamos a utilizar a mesma linguagem! Vou fazer um desenho para entenderem melhor!” Estas são algumas expressões que se utilizam recorrentemente nos ambientes de trabalho e que, de uma forma silenciosa, provocam exclusão nos indivíduos com uma configuração neurológica diferente. É um impacto silencioso, porque ainda existe muito desconhecimento e estigma sobre o conceito de neurodiversidade – conceito que reconhece diversidade neurológica dos indivíduos – e que é recorrentemente associada a uma fragilidade.
A diversidade neurológica inclui, por exemplo, dislexia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Défice de Atenção e Hiperactividade (TDAH). Estima- se que cerca de 15-20% de população mundial tem diversidade neurológica.
Michael Jordan, Anthony Hopkins, Elon Musk, Steven Spielberg, são exemplos de figuras públicas que têm em comum o facto de serem pessoas com diversidade neurológica.
A neurodiversidade pode transformar-se numa vantagem competitiva quando as pessoas neurodiversas estão em ambientes inclusivos que lhes permitam fazer uso das suas habilidades únicas, em vez de tentar superar ou esconder as suas diferenças. Existem diversas áreas onde a neurodiversidade pode criar valor pelas características únicas que cada indivíduo pode desenvolver, nomeadamente em criatividade, processos, inovação, análise de dados, pensamento científico, capacidade de falar em público e gestão de stress, entre outras.
A consciência de que a neurodiversidade é uma realidade do ser humano permite promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e tirar partido do valor acrescentado em utilizar diferentes formas de pensamento para ultrapassar os desafios e atingirmos objectivos de forma extraordinária. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer até conseguirmos olhar para este tema da neurodiversidade como uma vantagem competitiva. No ensino, os temas da neurodiversidade são habitualmente tratados como uma necessidade especial de aprendizagem e com o objectivo de uniformizar padrões de conhecimento e não de valorizar a diferença. No acesso ao mercado de trabalho, os desafios repetem-se com processos de recrutamento indiferenciados e, mais tarde, em ambientes laborais alheios às diferenças e ao valor que a neurodiversidade pode aportar como vantagem competitiva.
Na bp consideramos que pensar de forma diferente é uma vantagem competitiva para nos transformarmos numa empresa integrada de energia e atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Temos vindo a promover acções de sensibilização que permitem aumentar a literacia sobre a neurodiversidade, incentivando a partilha de experiências, disponibilizando recursos para promover a inovação e construir um ambiente de trabalho seguro, livre de julgamentos e ideias preconcebidas, onde as diferenças são respeitadas e valorizadas.
Deixo-vos esta reflexão e o desafio de aceitarem que a inclusão de raciocínios diferentes possa contribuir para a resolução dos vossos desafios.
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 335 de Junho de 2024