Ohlala quer desmistificar produtos eróticos

Ohlala é o nome da mais recente marca de produtos eróticos a integrar o mercado português, apresentando uma plataforma online (já disponível) através da qual é possível adquirir artigos para utilização individual ou a dois. No site da Ohlala, existem ainda categorias relativas a farmácia, soft bondage e fun stuff.

Antes de se apresentar ao público, a marca realizou um estudo para conhecer melhor os consumidores portugueses e descobriu, entre outras curiosidades, que 75% revela ter preocupações morais. João Marques, sócio da Ohlala, explica à Marketeer como contornar este e outros cenários que poderão estar a inibir os portugueses de se renderem aos artigos eróticos.

A preocupação moral que os portugueses apresentam é um entrave à aquisição de produtos eróticos?

Penso que já foi mais e não apenas por questões morais. Há vários aspectos para esse “entrave”. Por um lado, Portugal é um país enraizado pelo catolicismo e, embora considerado um estado laico desde implementação da república, só depois da revolução de 1974 é que abriu as “portas” ao sexo, quando foi permitida a comercialização deste tipo de produtos. Nos finais do século XIX, estes produtos já eram utilizados nos Estados Unidos da América para fins terapêuticos.

Por outro, toda a forma como este mercado foi trabalhado é um pouco como se o sexo fosse algo sujo, desde as formas dos artigos, aos materiais, à forma de venda… Mas isso está a mudar, como o consumidor está a mudar.

De qualquer forma, apesar de haver 75% de portugueses que referem ter preocupações morais, temos 72% que consideram que o sexo é essencial para uma vida feliz. Neste contexto encontramos uma larga maioria que está aberta a experimentar novas coisas para apimentar a sua relação.

Costumo dar o exemplo das páginas centrais do Correio da Manhã… Ninguém as vê, todos são contra… Mas aumentam de dia para dia, porquê? Ninguém vê reality shows e acha degradante, mas todos sabem o que se passa e quem são os seus intervenientes… No mercado de produtos de satisfação sexual é igual… Ninguém assume que recorre a estes produtos mas as sex shops continuam a crescer e, a nível mundial, o mercado já tem a dimensão do mercado de smartphones. É um mercado que mexe com a intimidade de cada um e por isso é natural que actue um pouco às escondidas.

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Como se pode resolver este problema?

Resolve-se com a mesma naturalidade com que o consumidor português evoluiu, deixou de haver vergonha em relação a determinados temas e o da sexualidade é um deles. Está mais que assumido que o sexo é importante para a auto-estima e para a felicidade. Temos hoje, por exemplo, as mulheres muito mais soltas em relação a este tema e, aliás, são elas maioritariamente que trazem este tipo de produtos para a relação por uma questão de quererem alguma excitação extra. Temos o mercado homossexual e bissexual que consome muito este tipo de produto e temos depois realidades distintas e que têm a ver com o stress quotidiano e onde este tipo de produto pode ser um auxiliar importante para um momento feliz.

Contudo, é importante que quem comercializa estes produtos também o faça com uma abordagem diferenciada que ajude o consumidor a sentir-se mais à vontade.

Estivemos quase um ano a fazer benchmarking, principalmente em território nacional e com foco no mercado online e o que identificámos é que o ambiente das sex shops está muito conectado ao mundo da pornografia, do pervertido. Identificámos também, embora existam alguns bons exemplos, que na maioria dos casos existe uma grande falta de gosto no tratamento visual e na “marketização” do tema, focando muito o óbvio e o “ordinário”, tratando o sexo como apenas um negócio e não como uma necessidade social.

Conceptualmente, na Ohlala.sex, vamos alargar o espectro da palavra “sexo”, vamos criar conteúdo informativo, promovendo os produtos eróticos como algo normal que completa a nossa satisfação sexual e não como algo que temos de  ter vergonha de assumir. A compra deste tipo de artigos é feito maioritariamente online e por isso, desde a estrutura dos sites, da imagem, o tipo de artigo, a explicação, garantia dos materiais, formas de entrega, tudo isso é importante para a confiança do consumidor com os produtos em geral.

Quais são os produtos eróticos preferidos dos portugueses?

Continua a ser uma versão muito soft, onde filmes, lubrificantes e óleos – de características especiais – ainda dominam, seguidos das roupas/fantasias e suplementação. Temos ¼ dos portugueses a recorrer depois a estimulantes e massajadores em geral.

Em Portugal, os homens são, por exemplo, os que mais recorrem aos filmes eróticos e suplementação, as mulheres mais adeptas da lingerie e roupas/fantasia, nos mais jovens os lubrificantes e massajadores (em especial nas mulheres) e no mercado homossexual um pouco de todos os produtos.

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Qual é o posicionamento da marca?

Na ohlala.sex tratamos de amor. Amor próprio, amor a dois ou até a mais. O sexo e o erotismo fazem parte dessa forma de amar, diferenciadora pelos produtos e conteúdos. É uma abordagem, sem tabus, géneros ou tendências. Assumimos um posicionamento focado na qualidade. Somos por isso uma loja digital de produtos de satisfação sexual.

Queremos trazer uma nova identidade para o mercado das sex shops online, mais sexy, glamorosa, desmistificando preconceitos, interagindo, mostrando que os produtos de uma sex shop podem ser para qualquer pessoa e que falar de sexo é humano e normal. Vamos espalhar sorrisos em Portugal.

Por que sentiram a necessidade de complementar a loja online com um “Consultório do Amor” e blog com artigos e dicas?

A ohlala.sex é uma nova abordagem ao sector. Para além de uma vasta selecção de produtos eróticos, queremos apostar em conteúdos que desmistificam o tema e adicionam uma descrição inspiradora e detalhada dos produtos criando curiosidade no consumidor.

Falar de amor, falar de sexo é humano e normal e não tem nada de “tarado” e esta abordagem comunicacional ajuda a contribuir para esta evolução do consumidor. É importante para se sentir à vontade com o tema, para ajudar aos mais resistentes a partilharem na intimidade e a terem soluções para uma relação melhor.

O “consultório do amor”, que designamos de “Clistories”, ou o blog com artigos e dicas para melhorar a vida sexual são instrumentos para isso, como, por exemplo, o serão mensalmente os artigos de opinião da Ana Garcia Martins (“Pipoca Mais Doce”) na Playboy e outras com que estamos em negociações para lançar ainda este ano. Tudo isto vai ajudar a fazer o mercado nacional a evoluir muito mais.

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Texto de Filipa Almeida

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