Objectivo: crescer em valor

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Não são apenas a qualidade e a quantidade que norteiam os destinos da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito. O foco está também no crescimento em valor, nomeadamente com as castas tintas alicante bouschet, syrah e touriga nacional

A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA) é uma das mais antigas adegas cooperativas alentejanas que, em 2020, cumprirá 60 anos de ininterrupta vida associativa. Com cerca de 300 cooperadores, que trabalham nos seus 1500 ha de vinha nos três concelhos que cobre, a ACVCA é vista pelo mercado como uma das mais dinâmicas cooperativas, com um dos melhores portefólios de vinhos em Portugal, sublinha José Miguel Almeida, presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito. «Estamos envolvidos numa dinâmica focada na qualidade, que começa nos campos, com a abnegação e cuidados com que os nossos associados tratam as suas vinhas e entregam as suas uvas, passa pela constante modernização dos métodos e processos industriais da adega, e termina, claro, no elevadíssimo nível da enologia posta no aprimorar dos nossos vinhos.»

Na verdade, a zona da Vidigueira é famosa em Portugal pela elevada qualidade dos seus vinhos brancos. «São, de facto, vinhos de grande destaque no Alentejo e, garantimos com orgulho, estar entre os melhores vinhos brancos de Portugal.» A casta que está associada a esta elevada qualidade vitícola é a Antão Vaz, que aqui encontrou características para afirmar toda a sua potencialidade, pois o “terroir” oferece condições inigualáveis para esse desenvolvimento. Alguns dos vinhos brancos desta adega são monocastas Antão Vaz, ou essa casta entra como casta dominante nos restantes. «Qualquer vinho branco da nossa Adega é vinho fresco, vibrante, para desfrutar nos dias quentes de Verão», sublinha o presidente, que destaca o Vidigueira Espumante DOC, feito apenas com Antão Vaz, e a mais recente novidade, o Vidigueira Licoroso Branco, que demonstra a adaptação da casta Antão Vaz a experiências diferentes e marcantes.

E se estão a ser reservadas algumas surpresas para o próximo ano, data em que se assinalam os 60 anos da adega, este ano há ainda a destacar o Vidigueira Vinho de Talha 2018, um vinho branco produzido em pequeníssima quantidade, segundo os métodos e processos milenares que os romanos nos deixaram. «Este vinho é feito a partir de uvas produzidas por vinhas com mais de 100 anos, que alguns dos nossos sócios mantêm com inegável carinho e dedicação, numa demonstração de responsabilidade e apego a tradições e hábitos culturais muito antigos», conta José Miguel Almeida. E acrescenta que o Vinho de Talha é um dos grandes “tesouros” que tem a região. «É o que os romanos nos deixaram depois dos muitos séculos em que aqui viveram. As Ruínas Romanas de S. Cucufate, na Vidigueira são a prova do que afirmamos.» Respeitar essas técnicas milenares, aproveitar esses ensinamentos, replicar esses processos e potenciá-los é um dos objectivos da adega. «É também uma das funções da Casa das Talhas, que quer dar expressão ao nosso Vidigueira Vinho de Talha.»

Investimentos a dar frutos

A adega é conhecida pelo que faz, ou seja, pelos seus excelentes vinhos, havendo dentro do seu universo industrial preocupações ecológicas, ambientais, de modernização de processos e métodos de trabalho, entre outros.

Por exemplo, o Centro de Análise e Pesagem destina-se a controlar e classificar a qualidade das uvas entregues pelos seus associados, o que permite que sejam encaminhadas para a produção dos vinhos mais adequados.

Há meses a adega instalou, nos telhados dos edifícios, uma superestrutura de painéis solares para produção de energia eléctrica. Trata-se de um compromisso da adega com o ambiente, com a sustentabilidade e com a poupança de recursos.

E sendo o Enoturismo uma actividade com grande potencial de crescimento, candidataram-se junto do Turismo de Portugal à criação da Casa das Talhas. Trata-se de uma estrutura que será inaugurada no último trimestre deste ano, e que trará para a adega aquele “must”, que é a capacidade de receber bem e da forma mais adequada os muitos milhares de pessoas de todas as nacionalidades que os procuram e que querem tudo saber sobre a história, os vinhos, a cultura e tradições da ACVCA.

A Casa das Talhas pretende ser um espaço com diferentes valências. «Quem nos visitar terá uma visão do que é o nosso trabalho, do que se faz e como é feito. Poderá percorrer todas as áreas e corredores da adega, vendo e sentindo o amor e paixão que pomos no que fazemos.» A Casa das Talhas terá salas temáticas, espaços polivalentes destinados a provas de vinhos, encontros e conferências, experiências gastronómicas da região, e, naturalmente, conjugar a história de que tanto se orgulham com a figura de Vasco da Gama, o navegador que foi Conde da Vidigueira.

Todos os Verões a ACVCA tem a preocupação de criar eventos que ponham em destaque uma certa forma de desfrutar o calor destes dias e destas noites de maneira diferente. No Verão de 2019 o “Vidigueira White Summer” terá festas e happenings na adega com música, animação, comida de excelência e petiscos. Tudo servirá para pôr ainda mais em destaque os seus vinhos Brancos e Rosés, servidos sempre bem frescos.

Crescer é o caminho

Com um volume de facturação em 2018 de oito milhões de euros, a ACVCA tem como meta atingir os nove milhões em 2019. «Estamos muito empenhados em conseguir atingi-los. Os dados de fecho do primeiro semestre são bastante animadores e estão alinhados com os objectivos.» José Miguel Almeida refere que comercializam cerca de seis milhões de garrafas de vinho. «Estamos dependentes das circunstâncias em que decorrem os anos agrícolas e da quantidade de uvas que recebemos. Mas pelo que temos observado este ano, e se não tivermos episódios negativos, como o “escaldão” de 2018, esperamos receber mais de nove milhões de quilos de uva», pressagia.

Um negócio que decorre quase na totalidade no mercado interno, que absorve e consome a quase totalidade da produção. No presente ano a exportação não deverá ultrapassar 3% do volume de negócios. Daí que, quando se fala em crescimento, a ACVCA o encare não apenas como quantidade e qualidade, mas também em valor. «É aqui que os mercados internacionais desempenham um papel que não podemos nem queremos subestimar, continuando a aumentar os destinos para onde exportamos.»

Não foi, pois, o acaso que ditou a reformulação do portefólio da ACVCA em 2013. Procurava-se dar a resposta que o mercado exigia, sem hipotecar princípios, processos e posicionamento. «Por isso nos orgulhamos de manter elevadíssimos níveis de qualidade, mesmo quando procuramos inovar, e oferecemos vinhos novos e diferentes.»

Isso mesmo aconteceu quando se verificou que as castas tintas Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional se adaptaram tão bem à zona e permitiram que fizessem vinhos diferentes e marcantes, que regressaram com inúmeros prémios e medalhas dos concursos nacionais e internacionais. E se é verdade que os brancos com a presença da uva Antão Vaz são os vinhos que mais são procurados, também o é que uma substancial parte do mercado tenha ficado fascinada com a qualidade dos monocasta Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional.

«Se quisermos ainda subir de qualidade, então entramos noutro nível, o dos Vidigueira Grande Escolha e os Vidigueira Reserva, para terminarmos na pura excelência, que é o nosso Vidigueira Grande Reserva 1498, do qual somente foram produzidas 1498 garrafas, e que é o nosso topo de gama», finaliza José Miguel Almeida.

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