O que mudou na vida dos portugueses? Do impacto na carteira ao medo do cinema

Apenas 8% dos portugueses considera que a pandemia não vai alterar nada nas suas vidas. Entre aqueles que acreditam que há algum impacto a considerar, as principais consequências apontadas dizem respeito à saúde, recessão económica e aumento do desemprego. Segundo o estudo “Covid-19: What’s Next? – Vaga 2” da Boutique Research, 62% dos portugueses afirma que o crise sanitária já teve algum efeito negativo no rendimento ou no emprego.

Olhando para o período pós-confinamento, os inquiridos pela Boutique Research mostram-se receosos: 78% ainda evita ir acompanhado ou levar família a algum sítio. Verifica-se especial resistência relativamente a festivais, concertos, cinemas, teatros e viagens de avião, com mais de 60% a não ter visitado um destes locais ou participado numa destas actividades.

Por outro lado, os espaços com maior taxa de recuperação de visitas (costumava ir e já foi desde o inicio da pandemia) são aqueles ao ar livre, o comércio tradicional, restaurantes/cafés e centros comerciais.

Os locais ao ar livre, hotéis e ginásios são aqueles onde os portugueses se sentem mais confortáveis. No sentido inverso, a experiência em restaurantes e cafés sem esplanada ou centros comerciais tem sido menos positiva, tal como explica Sofia Abecasis, sócia-fundadora da empresa de estudos de mercado: «Estes espaços têm que ganhar a confiança dos consumidores, principalmente agora que chega o Outono e não será tão fácil almoçar ou jantar numa esplanada.»

Este receio em frequentar locais públicos e os novos hábitos adquiridos fazem com que 39% dos inquiridos afirme que irá tomar mais vezes café em casa, até ao final do ano, do que antes da pandemia.

Ainda no que concerne a alimentação, o mesmo estudo mostra que o aumento do número de refeições em casa leva 32% a considerar a sua alimentação mais saudável agora do que antes. Os portugueses estão a comer mais fruta, legumes e vegetais.

«Não há grandes dúvidas de que a pandemia Covid-19 veio alterar as nossas vidas de forma significativa. Apesar de já termos iniciado aquilo que se pode chamar uma vida semi-normal (novo normal), com uma volta aos espaços públicos e ao convívio, existe ainda medo e uma certa desconfiança», resume Sofia Abecasis.

De acordo com a responsável, «não nos conseguimos sentir confortáveis como sentíamos antes e isso impacta toda a nossa forma de agir e de comprar». Junta-se ainda a incerteza em relação ao futuro, que resulta em monitorização maior dos gastos e mais atenção aos preços.

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