O novo normal dos novos (e “mais activos”) consumidores

Por Patricia Berezetcki, CEO da GoldNutrition

A expressão de Charles Dickens não é um clichê. É um facto. «O homem é um animal de hábitos.» E, em tempos normais, apegamo-nos obstinadamente aos hábitos, deixando pouca margem para a alteração de comportamentos. A pandemia, contudo, veio interromper bruscamente as rotinas, tirar-nos o tapete da comodidade/conformidade e fazer com que os consumidores, em todos os lugares, mudassem os seus comportamentos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, diz-nos o relatório da McKinsey & Company sobre “Práticas de Venda e Marketing – Compreender e moldar o comportamento do consumidor no novo normal”, que 75% dos consumidores experimentaram uma nova loja, marca, produto ou forma diferente de comprar, durante a pandemia. Há também dados que revelam que, muitos daqueles que começaram a treinar em casa passaram a praticar mais exercício e com objectivos específicos. Querem fazer uma maratona, conquistar quilómetros em trails, participar em provas desportivas, ou simplesmente subir a montanha e assistir ao nascer do sol. A pandemia trouxe-nos mais foco nas metas. E mais resiliência para o caminho.

No ímpeto e na base destas mudanças, estão consumidores mais preocupados com a saúde. E também mais dispostos a investir em qualidade com garantia de resultados e valor acrescentado. Estudos globais mostram-nos que o desejo de mudança de estilo de vida pós-pandemia é praticamente transversal. Eis uma oportunidade de ouro para quem trabalha no segmento da saúde e do desporto: face à procura do consumidor, a indústria tem a oportunidade de oferecer produtos diferenciadores, clean label, personalizados, inovadores e, mais ousado do que isso, tem a oportunidade (e a possibilidade) de mudar vidas para melhor.

Se a ciência do comportamento nos diz que mudar hábitos é difícil, a experiência acrescenta que, quando o consumidor é surpreendido pela positiva, está disposto a repetir o comportamento. Mas nem todos os comportamentos se manterão com o gatilho da pandemia. O consumidor procura qualidade e marcas que reflictam valores. A confiança vai continuar a influenciar a decisão de compra. E, cada vez mais, a comunicação da marca precisa de estar alinhada com o seu propósito. O consumidor valoriza a experiência, mas não dispensa a transparência. O novo normal é desafiante. Mas cheio de oportunidades.

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