Numa altura em que o marketing digital evolui a ritmo acelerado e a diferenciação se torna um desafio diário para marcas e agências, a MOB Agency tem vindo a destacar-se pelo seu posicionamento pouco convencional e por uma filosofia que privilegia a transparência, a estratégia e a coragem de dizer “não”. Fundada em 2021, a agência rapidamente ganhou notoriedade por desafiar modelos tradicionais, apostar numa cultura interna assente na honestidade radical e assumir uma relação de verdadeira parceria com os clientes.
Por Sandra M. Pinto
Em entrevista à Marketeer, o CEO Ivo Gomes revela a visão que tem para a MOB, os momentos que moldaram a identidade da agência, a forma como equilibram criatividade com resultados e o que esperar desta equipa que ambiciona crescer, sem nunca perder a irreverência que a caracteriza.
Como nasceu a MOB Agency e qual é a sua visão do marketing digital?
A MOB Agency nasceu em 2021, com o objetivo de criar uma agência diferente. O Marketing Digital trouxe novos canais, novas formas de pensar e medir, e por causa disso, muitas vezes esquecemo-nos que é simplesmente Marketing. No final, é sempre sobre pessoas.
O que distingue a MOB das outras agências?
O dizermos que “não”. Não temos interesse em relações curtas, nem em sermos apenas prestadores de serviço ou executantes. A ambição de encontrar as pessoas certas com quem trabalhar, internamente ou externamente. O nosso ambiente, a nossa cultura e este pequeno universo onde somos brutalmente honestos uns com os outros e de não termos medo de provocar e experimentar. Sermos antifrágeis e sentirmos uma obrigação moral de ter conversas difíceis
Que momento considera ter marcado o crescimento da agência
Houve vários, mas um em especial. Tínhamos a agência há poucas semanas quando, numa reunião, tivemos o nosso primeiro grande impasse com um cliente. Não concordávamos no caminho a seguir. O Cliente puxou do “eu é que sei porque eu é que pago” e eu respondi com algo que acabou por marcar a nossa identidade: “Não preciso que gostem de mim hoje. Prefiro que gostem de mim daqui a um ano.” Expliquei que seria mais fácil fazer o que pediam, mas que não era por isso que nos tinham procurado. Procuraram-nos pela nossa experiência. Depois de um silêncio desconfortável, o cliente escolheu ouvir. Os resultados recompensaram a confiança e esse momento definiu a nossa forma de estar: Temos a responsabilidade de agregar valor e de dizer que não.
Como equilibram criatividade e métricas?
É fácil. O nosso propósito não é ser criativo. O nosso propósito é criar estratégias que funcionem. A criatividade é o recurso que faz com que se cumpra o objetivo.
Como se trabalha com uma equipa jovem, a chamada “Geração Z”?
Trabalhar com uma equipa jovem é um desafio e uma oportunidade. Não sentimos particularmente uma diferença entre gerações no nosso ambiente de trabalho, apesar de termos pessoas de 3 gerações distintas, porque procuramos sempre um forte alinhamento com os nossos princípios durante e após o recrutamento. De forma geral, a Geração Z valoriza a autonomia, a flexibilidade, quer sentir que o seu trabalho tem impacto, e não hesita em dar a sua opinião. Na MOB, procuramos justamente isso: damos liberdade, mas também responsabilidade. Na MOB “ganha” a melhor ideia, quem está melhor preparado e quem tem mais vontade, e graças à nossa cultura, são aplaudidos por isso.
Como surgem as ideias para campanhas fora da caixa, como a do Joint One?
Surge de uma necessidade, de insights estratégicos e no meio de muitas outras ideias parvas. Não deixa de ser uma ideia parva, apesar de estar estrategicamente alinhada, mas todas as mensagens poderosas devem conter um elemento de absurdo. Neste caso, o objetivo é comunicar poupança para uma audiência mais jovem, de uma forma mais ousada. Para isso, usamos o universo mais afastado deste contexto, o do Hip-Hop, onde a gabarolice e a ostentação fazem parte da cultura dos rappers e têm muita presença nas letras. Desta vez ostentar a poupança e inteligência financeira.
Qual é a relação da MOB com os clientes, prestadora de serviços ou parceira estratégica?
Assumimo-nos sempre como parceiros estratégicos. Temos uma maneira muito particular de apresentar propostas e deixamos claro, desde o início, que a relação só vai funcionar com confiança mútua.
De que maneira se adaptam a diferentes setores e públicos, especialmente no e-commerce?
Na MOB, tal como um médico diagnostica antes de receitar, mergulhamos a fundo no negócio do cliente e nas especificidades do setor antes de apresentar estratégias ou recomendações. Investimos tempo para investigar, fazer as perguntas certas e ouvir realmente o cliente. Compreendemos profundamente o problema, o negócio e o setor dos projetos. Isto permite-nos encontrar soluções que sejam tão específicas quanto os desafios que enfrentamos. Em teoria, seria mais fácil trabalhar apenas um nicho ou o setor. Mas não quero matar a curiosidade que qualquer criativo naturalmente possui, até porque aprender é das melhores coisas que esta área tem. Temos pessoas internamente que conseguem falar de determinados procedimentos de saúde com precisão cirúrgica, outros que falam do mercado imobiliário, pagamentos, aviação ou de restauração como se lá trabalhassem.
O que podemos esperar da MOB nos próximos meses?
Para já, estamos numa fase preliminar de desenvolvimento de dois projetos, um de apoio ao crescimento de PME’s e outro que pretende explorar um novo conceito de branding no entretenimento. Até ao final do ano, também vamos mudar, pela segunda vez, de escritórios para acomodar as nossas necessidades. A perspetiva é fechar o ano de 2025 com uma taxa de crescimento de 75% e trabalhar para repetir o feito em 2026.
Que mensagem deixaria sobre a abordagem da MOB à criatividade e à liderança?
Abraça o desconforto de uma comunicação honesta e ousada. Não procurar agradar a todos, mas sim ressoar profundamente com as pessoas certas. Serve tanto como guideline de formar uma equipa, como para produzir uma comunicação poderosa. Na MOB, criamos mensagens que falam diretamente ao público-alvo, aceitando que isso pode afastar quem não se alinha com aquela visão. Uma mensagem verdadeiramente impactante não é genérica. Ser polarizador é arriscado, mas é o que permite criar laços verdadeiros e leais com aqueles que realmente importam para o nosso sucesso e do nosso parceiro.














