O negócio da comida está a mudar (e a culpa é da pandemia)
Nem só de pão fresco se fez a quarentena. As horas passadas em casa devido à pandemia de COVID-19 levaram os consumidores a alterarem os seus hábitos, especialmente no que à alimentação diz respeito: numa altura em que a sala se transforma em escritório, a despensa ganha protagonismo, bem como a cozinha – com a venda de electrodomésticos a aumentar.
Mas será que estes novos hábitos se mantêm quando a pandemia chegar ao fim? A Fast Company considera que há mudanças no negócio da comida que serão para continuar, desde o local onde compramos os alimentos à forma como são cozinhados mais tarde.
No que à lista de compras diz respeito, assistimos a uma preocupação crescente com as catacterísticas dos alimentos, qual o respectivo valor nutricional e de que forma pode o corpo ganhar com a sua ingestão. Os benefícios funcionais são cada vez mais importantes, à medida que os consumidores procuram reforçar os seus sistemas imunitários: de acordo com a mesma publicação, as pesquisas no Google por bagas (framboesas e mirtilos, por exemplo) aumentaram 200% ao longo dos últimos 12 meses. Nota-se ainda um aumento do número de pesquisas relacionadas com cogumelos, ervas e especiarias.
Olhando para o mercado norte-americano, a lista de compras alterou também na categoria de carne. A 18 de Abril, registava-se um crescimento anual de 200% nas vendas de alternativas vegetais – a chamada “carne falsa” -, ao passo que as vendas de carne convencional não subiram mais de 30% no mesmo período. Além dos substitutos à base de soja ou tofu, por exemplo, é expectável que também outras proteínas como feijões se tornem mais regulares nos carrinhos de supermercado.
Outra tendência identificada pela Fast Company envolve a aceitação da imperfeição. Durante o confinamento, as redes sociais abriram uma janela para as cozinhas de todo o tipo de pessoas, das mais conhecidas ao vizinho do lado. E a imperfeição ganhou espaço: ninguém espera ver cozinhas irrepreensíveis ou panquecas que saem sempre direitinhas. O novo coronavírus veio relembrar que somos todos humanos e as marcas que conseguirem oferecer uma sensação de comunidade e de espaço onde é possível falhar somarão pontos juntos dos consumidores.
Por fim, a Fast Company aponta para o crescimento do serviços de entrega como mudança provocada pela pandemia. Os consumidores procuram coveniência mas também empresas que disponibilizem produtos de qualidade e nos quais possam confiar. Nesse sentido, há restaurantes a capitalizar esta necessidade e a vender produtos além de refeições já prontas: a ligação emocional ao restaurante do bairro será maior do que aquela que existe com uma grande cadeia de supermercados, por exemplo.