O Metaverso não é apenas uma buzzword, é a experiência onlife das marcas
Por Bruno Oliveira, Head of Digital Hub da Sumol+ Compal e professor do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia
Desde que o Mark Zuckerberg anunciou a Meta, as marcas e as agências começaram a olhar de outra forma e com maior intensidade para o Metaverso.
Mas o que é o metaverso?
Para mim, uma das melhores definições, é do Matthew Ball, que lançou recentemente o livro “THE METAVERSE”: “É uma rede persistente e interligada de mundos virtuais em 3D que acabará por servir de porta de entrada para a maioria das experiências online, mas também de base para o mundo físico.”
Metaverso é uma evolução da experiência com os fãs da marca, misturando o mundo virtual com o físico, as interacções virtuais precisam parecer humanas, tem que ser em tempo real, sendo sempre Human to Human onde a marca tem que garantir uma experiência idêntica ao mundo real. Em Portugal, já há bons exemplos como é o caso de uma marca de bebidas que está presente num dos mais populares jogos do mundo – Grand Theft Auto Online – e que quando o avatar a bebe durante o jogo perde stress, numa clara ligação à sensação de frescura e descontração que caracteriza a marca.
O metaverso traz novas dimensões de conexão, se temos um smarthphone na mão podemos interagir com a marca através de realidade aumentada, podemos jogar Roblox e construir o meu mundo ou visitar a NikeLand, criar o meu avatar no Fortnite e comprar skins da Balenciaga, ou no limite, podemos alugar um terreno para a minha marca na decentraland.
No seu core, Metaverso vai impactar 3 pontos chave:
1) Identidade – as pessoas vão criar uma identidade virtual, o seu avatar, onde o conceito “normal” não se aplica, podemos ser o que quisermos, a nossa “profile picture” (PFP) passa a ser a criação de uma identidade virtual no metaverso, criando uma oportunidade para as marcas, permitindo a customização virtual, ou seja, o aparecimento do B2A, Business to avatar.
2) Espaço – o conceito espaço e tempo muda, conseguimos conduzir a 300 km/hora, viajar pelo mundo em 10 minutos, mas o mais incrível é podermos criar o nosso mundo ou a nossa loja, levando a realidade física para a realidade virtual, por exemplo, podemos levar o nosso mobiliário de marca (esplanadas, arcas de frio, porta guardanapos) para o mundo virtual para criar proximidade entre os dois mundos.
Este ano, o Sumol Summer Fest deu a possibilidade aos fãs de terem acesso, uma semana antes, a um concerto único no GTA, podendo estar a dançar com o seu avatar na réplica zona VIP do festival ao som do DJ Riot. A mesma experiência pôde ser vivida, uma semana depois no recinto do festival.
A minha recomendação é que as marcas entrem onde a sua audiência está, porque se forem criar um mundo totalmente novo, vão ter que investir na construção e na divulgação do seu metaverso. É como as apps, não vale a pena lançar algo novo se não for mais incrível do que já existe.
3) Monetização do criador e marca – no metaverso, é onde acontece a verdadeira co-criação com os seus fãs, por isso as marcas devem criar a possibilidade de os users interagirem com a marca, de poderem criar peças únicas, espaços personalizados ou até mesmo criar um marketplace de itens únicos criados entre os fãs e a marca, onde os criadores podem ganhar dinheiro ou desbloquear acessos premium no mundo real.
Além disso, as marcas vão ter que desenvolver o potencial de monetização do metaverso (marcas de moda vendem skins dentro do Fortnite, conseguem rentabilidade sem a necessidade de produção e stock).
Os NFTs vão permitir às empresas de software lançarem licenças vitalícias, onde o comprador a qualquer momento pode revender e a empresa continuar a receber royalties em cada transacção feita.
A maior riqueza será eu comprar algo exclusivo no metaverso e depois conseguir converter no mundo físico (por exemplo através de nft).
Resumindo, a geração Z nasceu no meio digital, onde a liberdade criativa, co-criação e conexão fazem parte do seu ADN. Deixou de existir separação entre o meio offline e online, aumentando a procura por marcas com experiências nos dois universos. Por isso, é fulcral que as marcas estejam alinhadas com estas mudanças e presentes nos diferentes touchpoints, mas tendo o cuidado de não irem apenas atrás da nova buzzword, mas sim reforçar a sua estratégia digital através de uma experiência única com a marca.