O melhor trabalho do mundo

juditemota1Lá fora chove a potes mas não é só por isso que a última campanha do Turismo de Queensland me parece tão brilhante. Uma campanha que tem a forma de um anúncio de emprego à escala global já é suficientemente original para chamar a atenção mas a beleza da coisa não acaba aqui. A oferta é simples: tomar conta de uma ilha na Grande Barreira de Coral, “trabalhando” 12 horas por mês (!) pela módica quantia de 150 mil dólares australianos durante 6 meses. As tarefas podem incluir ter de limpar uma ocasional folha que caia dentro da piscina, alimentar os peixes e participar em actividades turísticas fora e dentro das águas transparentes da costa australiana. As obrigações incluem fazer um post semanal sobre a experiencia, gravar alguns vídeos e tirar fotografias. UFF, estou cansada só de enumerar esta carga de trabalhos. Para se candidatarem aos Robinson Crusoe em potência só têm de enviar um vídeo de 1 minuto em que explicam porque são os candidatos ideais ao melhor trabalho do mundo. Ao fim de poucas horas o site criado para receber as candidaturas tinha crashado e em três dias mais de 1 milhão de pessoas tinha acedido ao site. Confesso que fui uma delas…

O que é brilhante nesta ideia não é só o facto de ficar provado que meio mundo gostava que lhe pagassem para não fazer nada e viver numa ilha paradisíaca (duh…!); o que é brilhante é a utilização relevante, interactiva e totalmente 2.0 dos novos media. Uma pessoa como nós (mas com muita sorte) vai dar-nos a sua visão e a sua experiência real e diária de como são estas ilhas. Uma espécie de reality show turístico. É que depois de acabada a fase de candidaturas é que começa o verdadeiro espectáculo e por isso é que o candidato tem de demonstrar a sua criatividade e capacidade de comunicação e de entretenimento. Se o pensamento por detrás desta ideia é completamente actual e inovador dentro da categoria “como é que se vende um destino turístico” a utilização dos velhos media não foi esquecida, por exemplo, uma tradicional campanha de RP levou a noticia aos telejornais e jornais de todo o mundo; dentro do site somos direccionados, com muita graça, para uma página de venda de pacotes de férias para poder visitar as ilhas caso não sejamos escolhidos para o trabalho. E de repente, um destino longínquo, uma ilha de que nunca tínhamos ouvido falar está, literalmente, nas bocas do mundo.

Por coincidência foi hoje para o ar uma acção do turismo dos Açores que encheu algumas praças de Lisboa com alcatifas azuis e rabos de baleia em esferovite. Fiquei triste. Conheço quase todas as ilhas dos Açores e é quase insultuoso recriá-las com alcatifas azuis molhadas e espezinhadas. Se não é um retrato fiel nem atractivo, nem interessante das ilhas como pode uma acção destas chamar mais turistas para lá? Não é preciso dizer que há um mundo de distância (literal e metaforicamente) entre as acções do Turismo de Queensland e do Turismo dos Açores. Uma é boa a outra é triste. Agora desculpem que vou gravar um vídeo para mandar para a Austrália. Uploads em www.islandreefjob.com

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