Opinião: O futuro do casamento da tecnologia e da saúde

Por Fabio Rodriguez, country manager da OrCam Technologies em Portugal e Espanha

Nunca houve uma altura mais entusiasmante para estar no ramo da saúde digital do que actualmente. Esta conecta as pessoas e as populações, dando autonomia para gerir a saúde e o bem-estar, algo que é positivo numa situação normal e uma excelente oportunidade perante o actual cenário de saúde pública.

A pandemia motivou uma enorme onda de inovação por parte de empresas, governos, universidades e indivíduos. Existem robots a desinfectar as cidades, a cozinhar refeições em hospitais e a entregar encomendas; dispositivos inteligentes a monitorizar a saúde dos pacientes e a recolher importantes dados, e a colaboração entre humanos e a inteligência artificial está a tornar-se uma ferramenta crucial para os cientistas que estudam o vírus. Mas nesta corrida para acelerar a inovação é também importante que as organizações comecem a pensar a longo prazo.

Recuando um pouco, é importante compreender que fundir tecnologia (dispositivos wearable, telemedicina, entre outros) com serviços de saúde para aumentar a eficiência deste sector é aquilo que se denomina de saúde digital. Este casamento torna a saúde personalizada e precisa – e a verdade é que a tecnologia e a saúde são um casamento perfeito, para todos os intervenientes. Para os pacientes, a saúde digital pode facilitar decisões informadas acerca da sua própria saúde, bem como oferecer uma alternativa para diagnóstico de doenças ou condições crónicas, fora dos tradicionais provedores de saúde. Do lado dos provedores, a saúde digital oferece uma visão holística da saúde dos pacientes, diagnosticando doenças e melhorando a entrega dos serviços de saúde para os indivíduos.

E a importância deste campo tem vindo a ser cada vez mais reconhecida. De acordo com o relatório Digital Health Technology Vision 2020 da Accenture, 85% dos executivos da saúde acredita que a tecnologia se tornou uma parte inseparável da experiência humana e 70% dos consumidores espera que se torne uma parte ainda maior das suas vidas nos próximos três anos.

Neste sentido, para que o crescimento da saúde digital se mantenha, o que é que podem os líderes fazer para criar um futuro sustentado?

  • Personalizar experiências: Oferecer experiências imersivas e digitais com significado é uma das formas de se conectar com os clientes neste sector. Mas à medida que a procura de experiências mais customizadas aumenta, as pessoas tendem a desconfiar dos métodos de obtenção de dados. As organizações têm, por isso, de se tornar um real parceiro dos pacientes e adoptar experiências cooperativas, tornando-os co-criadores das mesmas. Aqueles que o fizerem irão criar lealdade;
  • Promover uma maior compreensão das tecnologias: Para que os humanos e as máquinas colaborem da melhor maneira, é necessário que ambos se compreendam. Avanços no processamento de linguagem natural e na visão computorizada ajudam as máquinas a compreender melhor os humanos e o cenário que os rodeia. E tornar a explicação destas tecnologias numa prioridade ajudará os líderes de Tecnologias de Informação na saúde a assegurar que as pessoas compreendem a inteligência artificial que os auxiliará;
  • Criar bases para o sucesso futuro: Tecnologias emergentes como o 5G têm o potencial de tornar a experiência personalizável omnipresente em todos os campos – mas para isso as pessoas terão de se sentir incluídas. Os líderes de saúde que explorem novas iniciativas para incluir a vontade dos clientes colocarão as fundações para o sucesso a longo prazo.

Mas mais importante do que tudo isto, é importante relembrar que tanto o crescimento como a inovação não acontecerão num vácuo. As empresas de tecnologia de saúde têm de promover a criatividade, a colaboração e o pensamento pouco convencional. Ter espaço para inovar não passará só pela Investigação & Desenvolvimento ou pelos centros de inovação, mas sim por dar liberdade para testar, aprender e recalibrar.

A digitalização e as tecnologias de saúde poderão ser uma das mais confortáveis mudanças para profissionais de saúde e para os pacientes que as experienciarão, desde que estejamos dispostos a armazenar os seus efeitos positivos e aprender com os desafios.

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