O futebol é um espectáculo!

Ricardo FlorêncioNinguém duvide que, hoje em dia, o prin­cipal sustento do mundo do futebol são as em­presas. São estas que dão a maior fatia dos or­çamentos dos clubes, através dos patrocínios, como os “namings” de estádios e/ou banca­das, colocação de publicidade estática no seu interior, através dos patrocínios às equipas para colocarem a publicidade nos seus equipa­mentos, de outras formas de patrocínios, que passam pela exploração comercial de espaços, como bares, restaurantes e afins, e de muitas outras formas de exploração e associação de marcas, como os cartões de créditos e produtos próprios. E, por outro lado, nos valores que as empresas investem em treinadores e jogadores para representarem as suas marcas, sendo que, em muitos casos, os clubes recebem uma per­centagem desses investimentos.

Tal como, ainda que indirectamente, tam­bém são as empresas que, através dos patrocí­nios e publicidade, fazem com que os valores pagos pelas transmissões televisivas atinjam valores cada vez mais altos.

Assim, todas estas situações têm um elo em comum: o investimento que as empresas fazem no mundo do futebol.

Mas é óbvio que as empresas só investem estes milhões no futebol, pois estão à espera que o retorno seja ainda muito maior do que o valor investido.

Retorno esse não só do espaço televisivo e de outros meios, mas muito mais do “endor­sement” que as marcas atribuem ao futebol, pois é do seu convencimento que os valores da sua marca, o seu posicionamento, atributos, poderão ser representados e veiculados atra­vés do futebol.

Tudo isto faz sentido, e as marcas que aí estão todas têm apresentado sucesso.

Mas isso apenas continuará a fazer sentido, se o futebol e os seus intervenientes continua-rem a potenciar os objectivos das empresas.

Ora, o que temos visto nos últimos tem­pos, através da comunicação social, e nos estádios, pouco tem a ver com o espectácu­lo em si, e com os verdadeiros protagonistas, mas sim com comentários e disputas que nada abonam a favor do futebol. Alimentam ódios, e desrespeito, mas nada que melhore e beneficie o futebol, e sua imagem.

E mais, quando um jogo de futebol se transforma numa guerra, quando um espec­táculo se transforma num duelo numa arena, que depois ainda é transferido para as ruas, quando um espectáculo onde deveria impe­rar a família, os pais responsáveis recusam­-se a levar a sua família, e muitas vezes nem eles vão, pergunta-se que valores, qualidade e atributos se esperam que as empresas retirem daí? O que é que as pessoas pensam das mar­cas que, de alguma maneira, poderão aparecer como patrocinadores desses actos selvagens?

Os responsáveis têm de rapidamente de­volver ao futebol o que é do futebol, e elimi­nar tudo o que não pertence ao mundo do futebol, para voltar o espectáculo que sempre deverá ser, para todos podermos beneficiar do mesmo.

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