O futebol é um espectáculo!
Ninguém duvide que, hoje em dia, o principal sustento do mundo do futebol são as empresas. São estas que dão a maior fatia dos orçamentos dos clubes, através dos patrocínios, como os “namings” de estádios e/ou bancadas, colocação de publicidade estática no seu interior, através dos patrocínios às equipas para colocarem a publicidade nos seus equipamentos, de outras formas de patrocínios, que passam pela exploração comercial de espaços, como bares, restaurantes e afins, e de muitas outras formas de exploração e associação de marcas, como os cartões de créditos e produtos próprios. E, por outro lado, nos valores que as empresas investem em treinadores e jogadores para representarem as suas marcas, sendo que, em muitos casos, os clubes recebem uma percentagem desses investimentos.
Tal como, ainda que indirectamente, também são as empresas que, através dos patrocínios e publicidade, fazem com que os valores pagos pelas transmissões televisivas atinjam valores cada vez mais altos.
Assim, todas estas situações têm um elo em comum: o investimento que as empresas fazem no mundo do futebol.
Mas é óbvio que as empresas só investem estes milhões no futebol, pois estão à espera que o retorno seja ainda muito maior do que o valor investido.
Retorno esse não só do espaço televisivo e de outros meios, mas muito mais do “endorsement” que as marcas atribuem ao futebol, pois é do seu convencimento que os valores da sua marca, o seu posicionamento, atributos, poderão ser representados e veiculados através do futebol.
Tudo isto faz sentido, e as marcas que aí estão todas têm apresentado sucesso.
Mas isso apenas continuará a fazer sentido, se o futebol e os seus intervenientes continua-rem a potenciar os objectivos das empresas.
Ora, o que temos visto nos últimos tempos, através da comunicação social, e nos estádios, pouco tem a ver com o espectáculo em si, e com os verdadeiros protagonistas, mas sim com comentários e disputas que nada abonam a favor do futebol. Alimentam ódios, e desrespeito, mas nada que melhore e beneficie o futebol, e sua imagem.
E mais, quando um jogo de futebol se transforma numa guerra, quando um espectáculo se transforma num duelo numa arena, que depois ainda é transferido para as ruas, quando um espectáculo onde deveria imperar a família, os pais responsáveis recusam-se a levar a sua família, e muitas vezes nem eles vão, pergunta-se que valores, qualidade e atributos se esperam que as empresas retirem daí? O que é que as pessoas pensam das marcas que, de alguma maneira, poderão aparecer como patrocinadores desses actos selvagens?
Os responsáveis têm de rapidamente devolver ao futebol o que é do futebol, e eliminar tudo o que não pertence ao mundo do futebol, para voltar o espectáculo que sempre deverá ser, para todos podermos beneficiar do mesmo.