O civismo e as excepções

ricardo-florencio Ricardo Florêncio

Director Editorial Marketeer

Editorial publicado na edição de Dezembro de 2012 da revista Marketeer

Portugal e os portugueses têm grandes capacidades e características muito especiais e positivas para fazer vingar o País. Disto, que ninguém tenha dúvidas. E essas qualidades, características e vontade devem ser enaltecidas, divulgadas e ampliadas por este País, e por esse mundo fora.

Contudo, também existem algumas situações que em muito prejudicam Portugal e os portugueses. E algumas delas são tão básicas, são tão de cada um, que não se entende que, como povo, como conjunto de cidadãos, não consigamos ultrapassá-las e dirimi-las.

Somos um povo que não se respeita a si próprio. Nós não respeitamos os outros. Não somos cívicos. E existe um vasto conjunto de situações que o provam. Quando estacionamos em segunda fila, numa das avenidas mais movimentadas, prejudicando, de modo claro e visível, uma série de outras pessoas, não estamos a ser cívicos. Quando tentamos, vemos tentar, automobilistas a furar filas de trânsito, tentando passar por distraídos, e fazendo os outros todos de tolos, não estamos a ser cívicos. Quando mandamos as beatas pelas janelas, ou enviamos, ou deixamos, cair o lixo no chão, não estamos a ser cívicos.

Quando chegamos, permanentemente atrasados, a todo o tipo de reunião, evento, etc., não estamos a ser cívicos. E muitos mais exemplos podemos aqui enumerar. Mas qual a razão deste comportamento? Quais os motivos para nos comportarmos deste modo? Deverão existir vários, mas há um que se sobrepõe aos outros, também ele muito pouco cívico. Todos nós somos excepções. Todos nós queremos ser uma excepção. Todos nós nos achamos no direito de ter um tratamento excepcional. As regras são para os outros.

Como escrevi aqui neste mesmo espaço há tempos atrás, nós exigimos direitos, mas lidamos muito mal com os deveres.

A excepção deveria ser isso mesmo, uma excepção, um desvio da regra geral. Temos de acabar com este tipo de situações. Temos de ser cívicos e seguir as regras gerais.

E deixar as excepções, para quando, por alguma excepcional, isso tiver de acontecer.

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